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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Uma conquista inédita para o CTG Herdeiros da Tradição

A Invernada Veterana participou pela primeira vez do Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha e voltou para casa com todos os troféus que disputou.

 

Peões e prendas apresentam uma das coreografias campeãs do Fenart.
Foto: Divulgação

 

Uma pausa no meio do ensaio de quinta-feira, acompanhada, claro, de chimarrão, foi o tempo necessário para a Invernada Veterana do CTG Herdeiros da Tradição, de Francisco Beltrão, reviver o maior momento de sua existência: a conquista no Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha (Fenart), que aconteceu de 19 a 23 de julho em Querência, Mato Grosso.
Reunidos como o grupo de amigos que são, cada um dos integrantes fez questão de contar um pouco dessa história, que começou em 2008 apenas na intenção de ajudar financeiramente as outras invernadas do CTG nas mensalidades com professores – posteiros, como eles chamam – e outras despesas. “Tem uns três ou quatro casais dessa época e o resto foi entrando. Tem casais que estão há seis anos, tem o Itamar [Ferri] e a Rose que estão há um ano e já sabem todas as danças”, disse a prenda Ana Paula Armendaris.
A brincadeira foi ficando séria a cada boa colocação no circuito estadual, que classifica para o Festival Paranaense de Arte e Tradição (Fepart) – o último degrau antes de chegar à disputa nacional. “No ano passado a gente ficou em terceiro, mas o primeiro já tava classificado, que foi campeão ano retrasado no Fenart, então a gente ganhou a vaga”, contou Antônio Serena, patrão do CTG Herdeiros da Tradição. 
Um esforço de todos
Da primeira vez que a invernada ficou entre os três melhores no Paraná, veio a responsabilidade de representar o Estado na maior competição tradicionalista do País. E isso demandou uma despesa que provou a união do grupo. “A gente foi fazendo promoções, amigos nos ajudando, cada dançarino entrou com uma parte de recurso pra pagar o ônibus e o instrutor e a gente teve ajuda também da administração municipal”, relatou Mariluz Petry. 
A preparação aconteceu com muito ensaio e dedicação. “O pessoal teve esse comprometimento de estarem todos presentes nos ensaios, mesmo sendo chefe de família, tendo seu trabalho, deixando muitas vezes de lado e vindo aqui de segunda a quinta pra fazer a coreografia, as harmonias ficarem bonitas, e foi o resultado que aconteceu lá”, destacou o posteiro Gustavo Teixeira, que tem o auxílio do ensaiador Alexandre Sarmento Ouriquez, de Gravataí (RS) – ele vem a Beltrão uma vez por mês para fazer correções. 

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A conquista a dois mil quilômetros de casa
De malas e pilchas prontas, os peões e prendas enfrentaram dois dias de ônibus até Querência (MT) – quase dois mil quilômetros. O que não esperavam era conquistar a torcida do povo de lá. “A gente passou muita alegria pra eles. Nós saímos mesmo para participar e o primeiro lugar foi o ápice”, afirmou Adriane, esposa de Antônio.
A competição acontece em duas etapas, a classificatória no sábado e a final no domingo. Mas bastou subir pela primeira vez no tablado que os veteranos do HT ganharam o apoio necessário para prosseguir com confiança. “A gente começou a sonhar com o primeiro lugar no sábado, depois que ficamos em segundo lugar com 0,08 milésimos de diferença do primeiro”, lembrou Mariluz.
“Fomos bastante admirados pelo povo de lá quanto às nossas atitudes, nós fizemos um baile lá em cima da brita no domingo de tarde”, completou Amarildo Petry, sobre a comemoração do resultado.
E as portas da Invernada Veterana estão abertas para novos dançarinos. “A gente convida quem quer vir participar, que são bem-vindos. Tem um casal que faz duas semanas que começou”, afirmou Mariluz. Os ensaios acontecem no pavilhão ao lado da pista de kart do parque de exposições, às quintas-feiras, das 20:30 às 22:30 horas.

O que vem em 2017
Dia 18 de agosto, o CTG Herdeiros da Tradição comemora 14 anos com um baile no Marabá Centro de Eventos. A animação será do Grupo Rodeio, que venceu o Prêmio da Música Brasileira na categoria regional. “Também terá a entrega das faixas e é o segundo Baile do Gre-Nal”, comentou Antônio Serena.
No circuito de rodeios, a invernada está em terceiro lugar na classificatória para o Fepart deste ano, que acontecerá em Francisco Beltrão, no primeiro final de semana de dezembro, e deve apresentar a coreografia campeã do Fenart. “Em time que tá ganhando não se mexe, a próxima mudança vai ser uma preparação para o nacional de 2018, que já tem a vaga. A gente vai poder dançar um Fepart sem aquela pressão, vai poder curtir”, finalizou o posteiro Gustavo.

 

Uma apresentação vencedora

Fazer uma boa apresentação no Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha depende de muito ensaio e também um pouco de sorte. Isso porque duas das três danças tradicionais são definidas por sorteio. Mas a invernada do HT, com 10 pares, não foi pega de surpresa e estava preparada para o que viesse. 
No sábado, dançou Xote Inglês, Havaneira Marcada e Meia Canha e, entre sete invernadas, foi classificada com mais três grupos para o domingo. Então veio a final, com Xote Carreirinho, Caranguejo e Quero-Mana. A diferença de milésimos para o primeiro colocado no dia anterior foi superada e a invernada conquistou o maior título na categoria: campeã das danças tradicionais.
Esse troféu veio acompanhado de mais dois: de entrada e de saída de palco, em que são apresentadas coreografias de músicas escolhidas e ensaiadas previamente pelos grupos e que, geralmente, transmitem uma história “A gente veio com uma história do Rio Grande, do colono, que veio desbravando as terras no Paraná, e chamou muita atenção porque muita gente que mora lá saiu aqui do Sul”, contou Mariluz Petry. “Trouxemos o primeiro lugar em tudo, fizemos cabelo, barba e bigode”, brincou Itamar Ferri.

 

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