23.7 C
Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.212

27/05/2025

Vertentes de água desaparecem na comunidade de Seção São Miguel

Família busca alternativa para o abastecimento.

Dona Teresinha, seu Leonel e a neta Pamela no local onde corria uma sanga.

Foto: Aline Leonardo/JdeB

O Paraná vive estado de emergência devido à falta de chuvas dos últimos meses e, em algumas regiões, a Sanepar já adotou um sistema de rodízio, em que o abastecimento é interrompido a cada 36 horas. Nas principais reservas hídricas da companhia, o volume médio estava em 29,8%. Mas, no campo, a situação pode ser ainda mais complicada, porque muitos agricultores dependem de fontes e poços, que estão secando.

- Publicidade -

Na Seção São Miguel, interior de Francisco Beltrão, a família de seu Leonel Assunção, 74 anos, viu pelo menos cinco vertentes sumirem da propriedade. “Tinha mais vertentes na propriedade, porque elas estão sumindo por baixo da terra e saem lá embaixo, dá uns 1.500 metros, brota lá e daí tem um vizinho que puxa água pro aviário. Tinha a sanga, o bueiro onde passava, mas com a seca, veio terra e cobriu”, conta dona Teresinha, 72 anos, esposa de seu Leonel.

Ela mostra uma área da propriedade, num declive, por onde a água passava e agora está seco. Pisando e mexendo um pouco na terra, já se vê a umidade e outros sinais de que a água está ali, mas não o suficiente para chegar à superfície. “Aqui dá pra abrir tipo um açude, um depósito de água, porque ali verte, agora tá só úmido porque a terra desceu e cobriu. Tem ainda um pocinho que eu cavoquei pras galinhas beberem”, diz dona Teresinha.

A família já procurou a Prefeitura pedindo ajuda para usar máquinas no local e busca orientações dos órgãos competentes para fazer tudo dentro da lei. “A gente lida com a agricultura, mas depende muito da água. Virou uma poeira só e a região inteira tá desse tipo”, lamenta seu Leonel. O agricultor diz que tem outros dois poços, mas um deles fica com água imprópria para consumo quando passa muito tempo sem chover e o outro, usado apenas na casa, “não pode esbanjar. Custou caro, fizemos uma sociedade de três famílias pra poder fazer. E também pode secar”.

Situação dos rios
Valdir Dalsente, gerente regional da Sanepar, informou que, apesar da redução da vazão, o Rio Marrecas ainda atende à demanda em Francisco Beltrão, assim como o Rio Marmeleiro em Marmeleiro. Em Renascença e Eneas Marques, a população é abastecida por meio de poços, que estão com 10% e 15% de redução da vazão, respectivamente,

No entanto, há alguns municípios passando por risco de racionamento e implantação de rodízio nos próximos dias, “caso não ocorra uma chuva que recupere esses mananciais”. Um dos casos mais graves é o do Rio Tamanduá, em Salgado Filho, com 90% de redução da vazão. “Nós temos a estação de tratamento do Rio Tamanduá, mais três poços que abastecem o sistema, já com reduções significativas tanto no manancial superficial como nos subterrâneos”, disse Valdir.

Em Capanema e Planalto, o Rio Siemens está com uma redução significativa, que chega entre 75 e 80% de sua vazão, podendo comprometer o abastecimento de ambas as cidades.

Em Dois Vizinhos, o Rio Jirau reduziu 50% sua vazão, “ainda está atendendo à demanda, porém, o consumo está muito elevado e há picos de consumo, na sexta e no sábado, que ultrapassam a capacidade de tratamento”, alertou Valdir. Segundo ele, a população precisa se ajustar para que não haja um racionamento mais severo nos próximos meses.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques