“Depois de acompanhar o Observatório da Imprensa, você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito.”
Alberto Dines, falecido no último dia 22 aos 86 anos, me foi apresentado através do Observatório da Imprensa, a versão televisiva do portal criado por ele nos idos de 1998.
Tanto o site, pioneiro na web tupiniquim, quanto o programa (TVE Brasil/TV Brasil e TV Cultura) tratam de todo tipo de assunto, com o enfoque na cobertura da mídia sobre os temas, sempre de modo analítico e crítico. Bom, o programa parou em 2016 quando Michel Temer promoveu mudanças na EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
De grande importância para o jornalismo brasileiro, trabalhou em vários meios de comunicação ao longo de seus 66 anos como profissional: da revista Manchete ao Jornal de Brasil, da Folha de S. Paulo ao Pasquim. Foi ainda professor universitário e escritor.
Esse simpático senhor não se fazia de rogado em criticar sua profissão. Com muito embasamento e argumentos construtivos buscava um jornalismo melhor (deve ter tido muito desgosto nos últimos anos). Ajudou a modernizar os periódicos brasileiros, criando “cadernos”, e foi o responsável por duas das mais emblemáticas capas da imprensa nacional.
Na edição de 13 de dezembro de 1968, ao noticiar o decreto do AI-5, usou a previsão do tempo para depreciar a censura: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O País está sendo varrido por fortes ventos…”, além da frase “Ontem foi o dia dos cegos”.
Já em 11 de setembro de 1973, para driblar a proibição da ditadura de se publicar manchetes sobre o golpe militar que resultou na morte do presidente chileno Salvador Allende, ele encheu a primeira página com um texto sobre o ocorrido, sem manchete.
Dos 801 programas semanais que foram ao ar, existem trocentos disponíveis na própria homepage do Observatório, da TV Brasil e no Youtube. Um acervo riquíssimo sobre a história do Brasil, dissecando tragédias, crises políticas, econômicas, sociais e esportivas ou ainda lançando mão de efemérides para tratar de eventos históricos.
Sempre acompanhado de convidados, sendo eles jornalistas, especialistas, políticos ou empresários, mediava um ambiente culto, civilizado e educativo. Algo que precisamos desesperadamente hoje em dia.
Veja alguns programas com temas especiais, disponíveis na internet:
– A língua falada e a língua escrita
– A Mídia e as Novas Mídias
– Amazônia Longe da Grande Mídia
– Brasil na Copa
– Chumbo Quente (50 anos do Golpe Militar de 64)
– Cláudio Guerra, um matador arrependido
– Corrupção Policial
– Dia Internacional da Liberdade de Expressão
– Guerra Civil Espanhola
– Organizações Globo
– Os 100 anos da guerra que não acabou (1ª Guerra Mundial)
– Rádio – 90 anos
– Segunda Guerra Mundial