
JdeB – O empresário Jair Dal’Agnol, diretor-proprietário, desde 1994, da Senna Corretora de Seguros, ao receber seu copo dos 35 anos, como assinante do Jornal de Beltrão, contou que já foi entregador de jornal em Francisco Beltrão, quando tinha 12 anos. Mas antes ele relata um pouco de seu histórico.
“Em 1975, como concursado do Banco do Brasil e do Banestado, comecei a trabalhar no Banestado. Em 1980 saí do Banestado pra montar uma empresa de bebidas em sociedade com meu irmão, em São Lourenço do Oeste. Daí veio aquela inflação de 80% ao mês e, em 84 [a inflação de 1984 foi de 223% no ano], aí eu teoricamente fali. Não foi uma falência por falta de administração, é que não tinha quem acompanhasse os preços. Eu comprava uma Coca-Cola a um real, vendia a um e vinte, quando ia carregar de novo já estava em um e quarenta. Era impossível, e financeiramente a gente não tinha uma coisa grande que conseguisse bancar. E antes que acabasse tudo, eu vendi e sobrou 50% do meu patrimônio. Fiz um patrimônio bom, e nesse 50% que sobrou pra mim, o meu irmão, que era meu sócio, ele era madeireiro, e a madeireira faliu, ele precisava de dinheiro. Ele dizia “olha, me dá esse dinheiro, depois eu te devolvo”. E foi ele, madeireira e eu e tudo. Daí eu tinha o seguro. Do seguro, começou assim: o Jorge Cella, meu cunhado, era subgerente do Unibanco, e eles precisavam de uma pessoa para vender seguro. Diziam “gente, tu não quer ir fazer um curso de seguro?” “Ah, Jorge, não quero agora vender seguro?” Na época tinha o seguro de um carro só, da dona Manoela [Pécoits], o único carro que era segurado em Beltrão, no Unibanco. Eles diziam: “Mas eu tenho que mandar um cara a São Paulo pra fazer esse curso, nem que tu vá lá depois diga eu não quero”. Eu fiquei dois meses em São Paulo, voltei e comecei a trabalhar na seguradora do Unibanco. Trabalhei seis anos no Unibanco, daí mudei para a Companhia União de Seguros Gerais do Banrisul. Foi engraçado também, eu fiz um teste pra concurso público, sabe como foi esse teste? Por telefone, e o cara me pediu meu nome, meu CPF, data de nascimento, e disse que eu estava aprovado no concurso, eu virei funcionário do governo do Rio Grande do Sul.”
Jair, que tem quatro filhos (Sheila, Daniel, Leonardo e Maurício) e três netos (Pedro, Augusto e Isadora), é de uma família pioneira de Francisco Beltrão. Seus pais, Olivino e Regina Zancan Dall’Agnol, vieram do Rio Grande do Sul no fim dos anos 40 e se estabeleceram em Renascença, onde Jair nasceu, no ano de 1956. Em 1959 a família mudou para Beltrão, estabelecendo-se na Cango, onde Olivino abriu o Bar do Fanho. Se contar os três natimortos, seriam 13 irmãos. Criaram-se dez: Nacir (falecido, era taxista do Posto Sabiá), Iraci (casou com Ciro Lehr, tinha a Transportadora Sulina), Jacir (morava em Palmas, morreu num acidente de trânsito entre Palmas e Pato Branco), Marli (esposa do contabilista Zé Godoy), Marlene (mora em Cuiabá), Jair, Terezinha (viúva de Jorge Cella), Margarete (mora em Londres), Paulo (dono da Pizzaria Dom Vilson) e a Noely (mora em Dois Vizinhos).
Entregador de jornal
Jair conta que foi entregador de jornal, por algumas edições, no início da Tribuna do Sudoeste, o primeiro semanário beltronense, circulou pela primeira vez em 18 de fevereiro de 1968.
Jair lembra que não encontrou o endereço de um advogado, que morava na Rua Rio de Janeiro (atual Antônio de Paiva Cantelmo), próximo à esquina com a Ponta Grossa. “O Luiz Fernandes [diretor do jornal] era um cara dez. Eu voltei e disse pra mulher do Luiz Fernandes: só esse que eu não consegui. Eu era um garraio daqueles, tinha medo até de falar. “Vocês não conseguem nada”. Ela falou assim: “Quem tem boca vai a Roma”. E eu disse: “Mas quem tem?”. Eu falei, virei as costas e nunca mais voltei a entregar jornal lá. Eu era um daqueles piazinhos enfezados também, e vai mexer. Eu no sacrifício do diabo, dobrar o jornal, ajudava a imprimir, e aí entregar e ainda vou levar mijada, digo: Mas nunca!”