Marreco
O futsal beltronense teria conteúdo para uma ótima novela, daquelas bem polêmicas. Quem vê o Marreco hoje na Liga Nacional, talvez nem imagine os tropeços e as dificuldades de seu início, em 15 de novembro de 2007, data da fundação do clube. Terça-feira passada, comemoramos o nono aniversário, um dia após Francisco Beltrão ter completado 64 anos. Mas de fato o Marreco Futsal é um time que nasceu de uma forma polêmica. Isso porque dois diretores da equipe, Ademilson Arendt, o Míssio, e Paulinho Benedito, faziam parte da diretoria do Beltrão Futsal, em 2006 na Série Prata, e até metade de 2007, na Série Ouro. Houve uma cisão na diretoria do clube. De um lado, ficaram o presidente Névio Ghisi e o diretor Altamiro Dias, o Fio. Do outro, estavam Paulinho e Míssio. O motivo da divergência era um jogador, o Camarão, que até hoje é lembrado pela torcida beltronense. Metade da diretoria adorava o jogador e a outra metade o queria fora do time. Foi aí que Ghisi e Fio seguiram no Beltrão Futsal e Paulinho e Míssio reuniram um outro grupo para criar o Marreco Futsal, que na época representava a Cidade Norte. E em 2008, Francisco Beltrão teve duas equipes: o Beltrão Futsal, do técnico Rogério Inácio (depois Peri Fuentes e Fabinho Gomes), na Série Ouro, e o Marreco Futsal, na Série Prata, com o técnico Arno Ribeiro (depois com Gláuber Pietro e Rafael Octaviano de Souza). Muita gente falava que, se houvesse um amistoso entre os dois times, ninguém ouviria o apito final, tamanha era a rivalidade. Em 2008, o Beltrão Futsal tinha, por exemplo, o fixo Marlon, que hoje está no Carlos Barbosa e é lembrado constantemente pela Seleção Brasileira. No Marreco, tinha o ala-esquerda Galo, que jogou a última Copa do Mundo pelo Azerbaijão, mas também foi convocado para a Seleção Brasileira quando defendia o Atlântico, de Erechim. E o jogo entre os dois times nunca aconteceu. O Beltrão seguiu na Série Ouro até 2009, mas teve um sério problema financeiro e encerrou suas atividades. O Marreco jogou a Prata por dois anos seguidos, em 2008 e 2009. Mas desde 2010, o então time da Cidade Norte deixou o Ginásio Sarará e se mudou para o Arrudão, com o objetivo de representar todo o município de Francisco Beltrão. Aos poucos, tudo que era do Beltrão foi migrando para o Marreco: jogadores como Maycon e Deílton, o técnico Fabinho Gomes, o diretor Altamiro Dias e até a Torcida Organizada Fúria Beltronense, que utiliza até hoje as cores do Beltrão Futsal (azul e amarelo), ao invés do preto, verde e branco do Marreco – nada que mude o amor dessa torcida nos dias de hoje. Ninguém faz questão de lembrar dessa história, pois hoje o Marreco Futsal é do Sudoeste e do Paraná, é o 12º melhor time do Brasil.
O Marreco nasceu em 2007, mas o futsal beltronense em Campeonato Paranaense surgiu em 1999, na Série Bronze, com Arno Ribeiro. Só que tudo o que o Marreco vive hoje se deve também ao passado. Os erros e acertos do Beltrão Futsal servem como exemplo para que a diretoria mantenha sempre a cabeça no lugar, as contas em dias e a transparência com a comunidade.
No ano que vem o Marreco completa dez anos. Mas a festa já começou. O primeiro evento de efeito será o Jogo das Estrelas contra os ex-jogadores do clube, que acontece no dia 18 de dezembro, no Sarará. E o polêmico Camarão, ídolo da torcida, vai estar presente. Róbson Marcelo Martins é natural de Manaus (AM), e passou por várias equipes em mais de 20 anos de carreira, como Sumov (CE), Votorantim (PE), Goiás (GO), Rio Verde (GO) e Santa Fé (SP). Mas ele é polêmico no bom sentido. No Marreco, louco e polêmico são elogios, pois se fosse pensar demais, ninguém estaria peitando um orçamento de R$ 1,7 milhão.