Quando eu estudava no primário, na Escola Municipal Professor Pedro Algeri, no Bairro Miniguaçu, no final dos anos 1990, não tive o privilégio de jogar xadrez dentro de uma sala de aula. Educação Física na época era na quadra, que não era coberta como é hoje em dia, e o piso era uma lixa, eu vivia com o uniforme ralado na altura do joelho. Fui jogar xadrez pela primeira vez no ensino fundamental, já na quinta série, com a professora Ilda Schmitz (secretária de Esporte de Francisco Beltrão a partir de janeiro de 2025). Lembro até hoje que fizemos uma competição dentro de sala de aula e eu fiquei em terceiro lugar, foi um orgulho pra mim na época. Só que como o projeto Xadrez na Escola não existia ainda na Secretaria de Educação, não havia uma sequência para quem quisesse praticar o xadrez.
Aí o prefeito eleito da época, Vilmar Cordasso, conheceu o projeto voluntário do professor Jerry Pilatti e implantou o Xadrez na Escola, que foi uma revolução na época, no início dos anos 2000. Francisco Beltrão se tornou uma referência estadual na modalidade, mostrando a importância de ver o esporte como educação, como parte do processo de aprendizado de uma criança. Enfim, os alunos dessa época estão agora fortalecendo o xadrez de Francisco Beltrão, ex-alunos desse projeto como Gláucio Cella, Dulcineia Betti, Darlan de Barba, Adriano da Silva, Fernando Brizola, dentre outros nome que eu acabei esquecendo, mas que são muito importantes também. E agora o Beltrão Clube de Xadrez, com o presidente Cleber Silva, e o projeto Xadrez na Escola desenvolvido pela UTPFR, coordenado pelo professor Maiquiel Schmidt de Oliveira, está fazendo com que a modalidade ganhe cada vez mais força. Resultado disso é a nossa enxadrista Destaque do Ano na promoção do Jornal de Beltrão, Emanuela Rodrigues, um talento que vem se destacando em nível estadual e nacional.
E o melhor agora, para o xadrez, é que não depende somente dos recursos do município, como acontecia nos tempos do prefeito Vilmar Cordasso, agora há outras entidades parceiras e uma quantidade muito grande de voluntários que estão ensinando e incentivando o xadrez em nossas crianças. Isso é muito saudável pra modalidade, pois significa que o projeto vai sobreviver, indiferente se a administração invista ou não no xadrez. Eu sempre digo que a modalidade, para ser forte, não pode depender 100% do poder público, precisa buscar mais formas de receitas para manter os projetos, seja com o voluntariado ou com patrocinadores ou até com promoções. Não há demérito nenhum em fazer uma promoção de pizza para ter recursos em caixa em uma associação de modalidade. Inclusive, precisamos incentivar ações como essas que promovem o nosso esporte local. Parabéns ao xadrez de Francisco Beltrão!