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Francisco Beltrão
quarta-feira, 11 de junho de 2025

Edição 8.223

11/06/2025

“Análise” é diferente de “torcida”

Badger Vicari – Parece simples, mas tem gente que confunde. Fazer análise é uma coisa, é verificar o quadro político, pesar prós e contras, tentar antever algumas coisas, cobrar a consequência de decisões pretéritas, etc.

Torcida é outra coisa. É quando a análise é uníssona, independentemente do que a realidade sugere.

No ano passado em Beltrão, por exemplo, tinha torcedor que colocava Reichembach como candidato a prefeito, porque isso facilitaria a vida do Traiano na eleição de deputado em 2026, etc.

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Eu, tranquilamente, dizia: não será. Por que eu sabia que não seria? Porque analiso o passado e o presente, contextualizo o que os políticos falam, e procuro fugir das explicações mais simplistas.

Nesta semana, critiquei o presidente Lula na sua fala na posse da ministra Gleisi Hoffmann (“O inferno do politicamente correto”, sábado) e dissequei as entranhas do bolsonarismo (“O bolsonarismo rachado em três grupos”, quarta-feira). Duas análises que  desagradaram ambos.

E a quem me questionou — “mas de que lado você está, afinal?” —, respondi: faço análise política.

Mas reconheço que estou no campo minoritário nesse Brasil de lulistas x bolsonaristas. Os dois blocos estão firmes, cada um com seu preferido, e até 2030 não tem como mudar isso. Lula e Bolsonaro ainda estarão vivos e falantes. Mas será, creio, o apagar das luzes desses dois blocos; a próxima década há de apresentar uma nova geração no comando do país — e quem sabe até com uma nova Constituição…

Estamos, porém, ainda em 2025 e a eleição de 2026 será impregnada desse duelo lulismo x bolsonarismo. Todo mundo sabe disso.

Semana passada, no ato (fracassado) do bolsonarismo no Rio, lá estava o governador de SP, Tarcísio de Freitas, que se quiser ser candidato a presidente precisará das bênçãos de Jair Bolsonaro. E Tarcísio cumpriu esse papel.

Assim como cumprirá esse papel o governador do Paraná, Ratinho Júnior, que receberá Bolsonaro dia 4 de abril, uma sexta-feira, para um almoço no Palácio Iguaçu. Poderemos aguardar um pronunciamento elogioso do governador paranaense.

Em frente. Dia desses, José Dirceu completou seus 79 anos e na festa teve discurso. E se ele ainda tem poder dentro do PT — acho que tem —, foi dada uma senha especulativa para 2026: de que o PT talvez possa não ter candidato a presidente. Aquele papo dirceusista de “ampliar” para além da esquerda o apoio ao governo pode significar algo mais radical: ceder a cabeça de chapa (e então focar na eleição para o Congresso). Será que não haverá o 13 na urna presidencial de 2026?

Difícil prever, até porque temos um ano inteiro pela frente (até março de 2026) e a economia pode reagir. Mas Zé Dirceu já sinalizou — pelo menos assim pode ser entendida a palavra “ampliar”, ou seja, mais do que simplesmente “um vice do MDB” ou uma coligação de apoio com partidos do centrão.

Enfim, aguardemos. Mas não será tanta surpresa assim se os petistas estiverem firmes no 40 do vice-presidente Geraldo Alckmin para presidente dia 4 de outubro, ou, quem sabe, no 55 do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

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