Geral
Dia desses, numa conversa rápida com dr. Aryzone Mendes de Araújo, comentávamos sobre as propostas políticas dos candidatos a prefeito. Daqui da região e de um modo geral. Tudo muito bem, concordamos com tudo. Mas gostaríamos de ver também proposições mais gerais, mais amplas, mais preocupadas com o hoje, com o agora.
E uma dessas coisas é a segurança das estradas; outra dessas coisas são os presídios (aliás, sobre isto há um interessante texto no Trago e Prosa de hoje, assinado pelo ex-deputado federal gaúcho Marcos Rolim), quer dizer, assuntos presentes na vida de todos e que aparecem em geral somente nas eleições de governador e presidente, e depois ficam esquecidos.
Prefeitos e vereadores, por não legislarem em cima disso, ignoram o assunto. Mas a questão é política também, e por isso eu acho que há legitimidade em se querer que o Brasil deixe de ser o pais número um em acidentes de trânsito, ou que não se tratem os presos como se fossem animais ferozes, tão a gosto de jornalistas e comunicadores inexplicavelmente necessitados de se apresentarem como defensores da moral.
Quando o hoje ministro da Educação Tarso Genro era vereador em Santa Maria, no fim dos anos 60, renunciou ao cargo com um discurso contra a ditadura militar, denunciando as torturas e assassinatos patrocinados pelo regime. Muita gente deve ter pensado que o vereador estava delirando, querendo opinar sobre o que não dizia respeito ao seu município. Pois Tarso tinha a exata noção do que é ser um sujeito político, e usou o peso de seu mandato para fazer uma denúncia política, e renunciou em protesto, criando um fato político dentro das circunstâncias do país naquele período.
Não defendo que o pessoal renuncie, ou que saia dando discursos contra o FMI e a favor da manutenção da camada de ozônio. Renunciar não daria repercussão nenhuma, a economia internacionalizada praticamente anula o discurso contra o capital financeiro, e a camada de ozônio é assunto devidamente debatido nas convenções de Kioto da vida.
Mas depois de eleitos os prefeitos e vereadores do Sudoeste poderiam, pela Amsop, combinar uma ação retórica uníssona em favor dos direitos humanos ? exigindo proteção de vida nas estradas e nas cadeias. E que a cada evento que acontecesse ? assinatura de convênio, inauguração de creche… ?, fosse incluído nos discursos a necessidade, repito, de proteção de vida nas estradas e nas cadeias.
É apenas um exemplo, e fruto de um bate papo rápido.
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Que bacana a olimpíada. De tempos em tempos redescobrimos o espetáculo do vôlei feminino, a vibração sempre apaixonada da Virna; e talvez por sermos passionais demais, muitas vezes perdemos, nos desconcentramos. Mas também quando ganhamos é uma delícia, uma emoção verdadeira.
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Li ??Olga?? nos anos 80, na primeira edição. Na época, uma obra que nos tornava ainda mais comunistas. Hoje não sei que sentimentos desperta em quem lê pela primeira vez, já que o livro está sendo relançado, acompanhando o lançamento do filme ? e comunismo já era.
Independente do filme ser bom ou ruim (o livro é bom), o interessante de constatar é que o cinema brasileiro está cada vez melhor, e produzindo. E está mais do que na hora de acabar essa história de que filme brasileiro é ruim. Muita gente repete o refrão sem sequer assistir, se achando o entendido.