Observo as pesquisas e vejo o que todos veem: a popularidade do presidente Lula está desabando, seu prestígio está empalidecendo. Lembrei do técnico Felipão e faço um paralelo divertido: aclamado em 2002 como grande comandante do pentacampeonato mundial, com Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho e Rivaldo fazendo a festa em campo, Felipão estava no auge. Se se aposentasse da seleção brasileira, entraria automaticamente no panteão dos grandes. Mas não se aposentou.
Doze anos depois, em 2014, Felipão aceitou voltar e imaginou que se consagraria ainda mais, com a Copa do Mundo sendo realizada no Brasil e tal. O hexa! Não deu. E na memória coletiva — porque a memória coletiva é muitas vezes cruel — acabou que o 7 a 1 pra Alemanha contra o Brasil em Belo Horizonte suplantou o penta conquistado no Japão e na Coreia do Sul. Felipão desabou.
Vamos lá. Lula encerrou seu segundo mandato muito popular (em 2010), e se terminasse aí sua carreira, à moda de FHC, nunca mais voltando ao posto, estaria numa galeria de destaque. Mas eis que não. Quis continuar, porque muitos políticos têm mais vaidade do que discernimento.
E agora em 2025 corre o risco do presidente Lula ficar na memória coletiva como um idoso cansado e impopular, encarando seu 7 a 1 particular e testemunhando seu governo terminar antes do fim (lembrando: depois do 7 a 1 para a Alemanha veio o 3 a 0 para a Holanda).
Eu sei. Tem quem aposte que há chance de recuperação etcétera e tal, mas sei também que há quem já lida com o ocaso — o mercado, o centrão e a Globo estão se desgrudando do Palácio do Planalto. Lentamente. Educadamente. Categoricamente. Como escreveu nesta semana o advogado petista Kakay, do grupo Prerrogativas — esse grupo que é considerado um núcleo avançado do lulismo dentro da OAB e do Poder Judiciário —, “o presidente Lula está isolado”.
Talvez Kakay esteja dando a senha para a turma cair fora discretamente, posto que antevê os últimos meses do lulismo em Brasília como foi, quem sabe, o fim de Sarney em 1989, ou de Temer em 2018, quando ninguém mais dá a mínima pelota para o que acontece ou deixa de acontecer.