Por mais que a gente não goste dos candidatos, eu acho que pior mesmo é votar branco ou anular o voto. Ademais, temos primeiro turno, a novidade que surgiu com a eleição presidencial de 1989, e desde então faz parte da nossa democracia. Para os municípios, somente pode ter possibilidade de segundo turno quem tem mais de 200 mil eleitores.
Então, havendo primeiro turno, em tese, o eleitor vai votar naquele candidato que ele gosta, admira, acompanha, compartilha suas ideias e tal. E no segundo turno, se o seu candidato não alcançou essa nova rodada, o mais normal, acho eu, é votar naquele que se aproxima mais das propostas do voto no primeiro turno.
É muito raro o candidato ter menos votos no segundo turno do que no primeiro. Mas isso já aconteceu no Brasil, em 2006, quando o então presidente Lula e o ex-governador de SP Geraldo Alckmin se enfrentaram em segunda eleição. O tucano teve, vejam só, menos votos no último domingo de outubro do que tivera no primeiro. Que coisa estranha.
Na ocasião, Alckmin caiu numa armadilha do marqueiteiro-mor do PT, João Santana, que o acusou de que, caso eleito, privatizaria a Caixa, BB, Petrobrás, Correios, etc. Alckmin disse que não e, meio sem jeito, se vestiu de garoto-propaganda das estatais. Enfim, pobrezinho. Tivesse Alckmin admitido que sim, iria privatizar, ou pelo menos iria “analisar caso a caso”, teria muito mais votos, porque um setor importante da sociedade brasileira não admite mais o aparelhamento que os partidos fazem nas empresas públicas.
E agora chego a 2022. O ex-presidente Lula tem dito que não quer nem ouvir falar em privatizar estatais. Ele quer deixar a coisa como está, com os partidos governistas tomando conta das empresas públicas. Já vimos esse filme, chamado de “Petrolão”. Será que se Lula vencer teremos a segunda parte, o “Petrolão 2, o retorno”?
Esse é um ponto a ser analisado pelo eleitor que não votará nem no presidente Bolsonaro nem no ex-presidente Lula no primeiro turno, mas que no segundo terá essas duas opções. Outro detalhe importante é a nomeação de duas vagas no STF. O Supremo já tem um ex-advogado do PT, um simpatizante do MST e um ministro a favor da pauta abortista. Se Lula vencer, um nome provável a virar ministro será Cristiano Zanin, que defendeu o petista no processo da Lava Jato.
Mas tem coisa que eles, Bolsonaro e Lula, têm a mesma visão de mundo e eu acho lamentável. No ataque da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo, que neste fim de semana completa dois meses, ambos torcem silenciosamente pelo camarada Vladimir Putin.