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Francisco Beltrão
domingo, 15 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Não foi por falta de aviso

Claramente, o PSDB não quis ser oposição ao lulismo. E agora, semana que vem, o féretro do partido vai passar.


Quem acompanha política está testemunhando o fim do PSDB. O processo se acelerou depois de 2018, quando Geraldo Alckmin, com a maior coligação da disputa presidencial, acabou com menos de 5%, no pior desempenho da legenda em todos os tempos. E seria ainda pior em 2022, quando nem cabeça de chapa teve (a senadora, então tucana, Mara Gabrilli foi vice de Simone Tebet, do MDB).

A gente poderia brincar: “não foi por falta de aviso, PSDB”. E um sinal de que as coisas estavam começando a declinar talvez possa ter sido a eleição de 2006, quando o mesmo Alckmin teve menos votos no segundo turno do que no primeiro. Uma façanha!

Vejam: no primeiro turno, 39,9 milhões de votos (42%). No segundo, 37,5 milhões de votos (39%).

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Para efeito de registro: Lula obteve  46,6 milhões de votos (49%) e 58,2 milhões de votos (61%) respectivamente

Claramente, o PSDB não quis ser oposição ao lulismo. Achou que os escândalos, a gestão incapaz do presidente Lula (um governo inimigo das reformas) e o vergonhoso aparelhamento das instituições e da máquina pública bastariam para a população rejeitar esse estilo de administrar.

Não deu certo. Em 2006, no caso, o esquema do mensalão (de 2005) estava fresquinho na memória de todos. Mesmo assim, Lula foi reeleito quase que no primeiro turno (ficaria menos feio para Alckmin se tivesse perdido logo no primeiro domingo de outubro).

Precisaria uma oposição mais atuante. Mas Serra, Alckmin e Aécio preferiram ser uma comitiva mais diplomática do que uma trincheira de infantaria. Jornalistas como Felipe Moura Brasil, Percival Puggina e Augusto Nunes reclamavam que os tucanos precisariam ser mais adultos — porque o “ministro” João Santana, o marqueteiro do lulismo, não tinha princípio moral nenhum, patrolava todo mundo e dava risada.

Mas o PSDB não mudava. Não mudou. E daí apareceu Jair Bolsonaro, batendo boca com jornalista, com feminista, com deputado de esquerda e etc. Ganhou aquele oceano de eleitores que estavam à deriva há uma década, à procura de um porto que fosse seguro, que fosse anti-PT com maioridade.

E agora, semana que vem, o féretro do PSDB vai passar; a sigla será engolida pelo Podemos, uma legenda sem história. Um fim melancólico para quem tem, na sua história, aquele que, para mim, foi o maior presidente da nossa história, Fernando Henrique Cardoso.

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