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Francisco Beltrão
segunda-feira, 23 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

Os números das pesquisas

Geral

Em outubro do ano passado participei, em Porto Alegre, do seminário ??Os meios de comunicação e as pesquisas eleitorais??. Foi uma promoção da RBS (editora do jornal Zero Hora) que lotou os cerca de 600 lugares de um dos plenários da Assembléia Legislativa. Também participaram diretores dos grupos de imprensa Globo e Estado de S. Paulo, além de Ibope, Datafolha, Cepa (instituto de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Instituto Mapa (de Santa Catarina) e Ipson Opinion. Por fim, os presidentes dos principais partidos políticos do Brasil.
Um dia inteiro de debate, que depois acabou sintetizado num documento bem democrático ? algo como ??Carta de Porto Alegre?? ?, apresentando sugestões para a imprensa, e inclusive dando espaço para as considerações críticas sobre o que foi discutido.
Eu tive a sorte de questionar um tema e ele ter sido apresentado para toda plenária. Era assim: quem quisesse escrevia sua proposta num papel e depois levantava a mão; as meninas então chegavam e recolhiam o papel e se, depois, passasse pela triagem era lida por um dos debatedores.
Sugeri que os institutos de pesquisa eliminassem os percentuais quebrados dos seus números  finais de intenção de voto. Assim, exemplifiquei, melhor escrever que fulano tem 31% do que 30,8%. Afinal, justifiquei, se existe margem de erro para mais e menos, nada mais óbvio do que arredondar para cima de 0,5 a 0,9 e para baixo de 0,1 a 0,4. Simples, e bem mais agradável para leitores e espectadores.
Quem leu minha idéia foi o debatedor José Nazareno, da Mapa, instituto que arredonda os números, tal qual Ibope e Datafolha ? mas diferentemente do Cepa da universidade.
Tive duas cartas publicadas na Zero Hora pegando no pé do Cepa por causa dessa insistência em quebrar os percentuais. Não me responderam, claro. E quando questionei a Zero Hora por isso me responderam dizendo que os percentuais eram de responsabilidade do instituto e o jornal  não modificaria nada.
Me lembrei deste assunto olhando ontem o Jornal de Pato Branco (publicação da Editora Jornal de Beltrão S/A), que estampou na capa uma pesquisa inacreditável em matéria de números quebrados. Os candidatos têm intenção de voto com três dígitos depois da vírgula! Parece tabela de preço de litro de gasolina. Fulano com 35,714; outro com 34,483 e o terceiro com 20,197. Certamente um exagero desnecessário da empresa B,O&M.
Para encerrar. Uma das propostas do seminário foi de Ali Kamel (diretor executivo da Central Globo de Jornalismo), defendendo que a imprensa divulgasse as pesquisas informando com destaque a flutuação do índice dentro da margem de erro. Outro dia assisti no Jornal Nacional uma notícia sobre intenções de voto em São Paulo e Rio e a proposição de Ali Kamel estava lá colocada. William Bonner foi didático, e o gráfico colorido da pesquisa ajudou, e todos ficamos sabendo da elasticidade do índice 15% ? que está entre o 13 e o 18, portanto em empate técnico com o candidato que tem 20% ? que vai de 17 ao 23.

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