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Francisco Beltrão
quarta-feira, 11 de junho de 2025

Edição 8.223

11/06/2025

Os prefeitos e o Bolsa Família

Está correta a mobilização de sindicatos patronais do Sudoeste em agendar com prefeitos da região para que façam um, digamos, pente-fino nos beneficiários do Bolsa Família. Isso foi reportagem de ontem do Jornal de Beltrão.

Lembrei da semana passada, quando acompanhei uma entrevista do prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, que estava eliminando do seu município o repasse de Bolsa Família para quem pode trabalhar. “O que a gente quer é fazer com que todas as pessoas trabalhem. Eu acredito, de uma maneira muito sensata, que o Bolsa Família, da maneira que ele está sendo feito no Brasil, é prejudicial para todo o país. Todas as pessoas que podem ter uma oportunidade de trabalho, que tenham saúde, elas devem trabalhar”, disse o prefeito para a CNN Brasil (a entrevista está no site da emissora).

Diogo foi reeleito em 2024 com 66% dos votos. Bento Gonçalves tem mais de 100 mil habitantes e, também, 17 vereadores, como Francisco Beltrão.

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Os prefeitos podem, acredito, comandar essa política de verificação, como o prefeito Diogo disse que foi feito em Bento: conferir, de casa em casa, se de fato é necessária essa ajuda pública. E ao se constatar que tem gente aí com condições de trabalhar, que o sujeito seja encaminhado para isso. Simples assim.

No ano passado, a imprensa brasileira fez reportagens sobre esse assunto. E é assustador verificar que existem estados com mais beneficiados do que com gente trabalhando. O campeão dessa distorção — adivinha? — é o Maranhão, onde a família Sarney mandou por cinco décadas e depois o Flávio Dino (hoje ministro do STF) governou por oito anos…

Dados de setembro do ano passado (no site Ache Concursos) indicam que são 1,2 milhão de maranhenses recebendo sem trabalhar contra 670 mil trabalhadores.

E atenção para o desespero: a Paraíba, do presidente da Câmara, Hugo Motta (terceiro cargo mais importante da República), tem 670 mil paraibanos no Bolsa Família para 507 mil na CLT.

E o Amapá, do senador presidente da Casa, Davi Alcolumbre? Não é diferente: 122 mil beneficiários e 93 mil trabalhadores.

E Motta e Davi estão no centro do poder em Brasília, sendo que nos seus estados — o que seria a sua “lição de casa” — impera historicamente a pobreza, o clientelismo, o atraso.

Isto está muito errado. Isto está muito errado. Isto está muito errado. Uma reforma constitucional seria urgente, a fim de acabar (ou minorar) essa desproporção que irrita qualquer um que tenha bom senso.

O Bolsa Família, infelizmente, virou ativo eleitoral. De programa emergencial, virou peça política permanente. O programa foi a unificação de três iniciativas do governo FHC, apresentados ao país após a consolidação do Plano Real.

O Bolsa Família lulista juntou o Bolsa Escola de FHC (criado em abril de 2001), o Bolsa Alimentação de FHC (setembro de 2001) e o Auxílio Gás de FHC  (janeiro de 2002). Fui pesquisar e vi que na época atendeu 5 milhões de famílias. Hoje o Bolsa Família atende 20 milhões de famílias. Quadruplicou.

Algo está muito errado na economia de um país que aumenta os beneficiados quando deveria diminuir, que seria o atestado de pujança econômica, com capacidade de absorver a força de trabalho, etc.

O problema é que virou, como eu disse, ativo eleitoral. Isto é um fato lamentável. E se não aparecer um prefeito tipo o gaúcho Diogo Siqueira — deveria haver uma legião de Diogos Siqueiras, Brasil afora! — , para mandar o povo trabalhar de verdade, a coisa não vai se resolver nunca.

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