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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Trump bolivariano? Ou foi um 1º de abril?

Li ontem, 1º de abril, que o presidente dos EUA, Donald Trump, já anda fazendo insinuações de que poderá formar uma maioria para mexer nas regras eleitorais e permitir mais uma candidatura a presidente em 2028. Era assim até os anos 40, na segunda guerra mundial. Foi depois da quarta eleição seguida do democrata Franklin Delano Roosevelt que algum deputado achou por bem dar um basta nessa farra e desde então o sujeito só pode exercer o comando da Casa Branca duas vezes. Será que Trump fala a sério quando sugere um terceiro mandato? Ou, como se fosse um brasileiro, tá brincando de 1º de abril, fazendo piadinha de quinta série?

Lembrei que no começo do ano passado questionei, por e-mail, o jornalista Hélio Schwarstman, da Folha de S. Paulo, sobre as eleições americanas. Confira:

Meu e-mail: “Bom dia, Hélio. Estava lendo a tua coluna de hoje, “Impacto profundo”, e lembrei de uma pequena dúvida. Tentei dar uma pesquisada, mas não achei resposta. Talvez você saiba. Caso Trump seja eleito em 2024, ele poderá concorrer novamente em 2028? Seria disputar o terceiro mandato. Li há tempos que uma emenda no pós-guerra, após a quarta eleição seguida de Roosevelt, determinou que só seria permitida uma reeleição presidencial, e depois a pessoa não seria mais candidata a nada (um parêntese: se valesse esse dispositivo para o Brasil, estaríamos livres de Lula-3; e de Collor e Sarney, que até outro dia  moravam no Senado…). Acho, Hélio, meu palpite, que se Trump for eleito neste ano será considerado seu segundo mandato, impedindo assim uma nova disputa de reeleição em 2028”.

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Resposta de Hélio Schwartsman: “Não poderia. Um americano só pode exercer dois mandatos presidenciais em toda a sua vida. Mas não há impedimento a disputar outros cargos. Não o fazem porque, depois da presidência, todos os outros cargos ficam pequenos. Veja que, em tese, ele poderia concorrer a vice [em 2028], o que seria potencialmente uma forma de burlar o veto constitucional. Daria uma discussão jurídica interessante”.

Essa estratégia de usar a democracia para destruí-la nós conhecemos bem aqui pela América do Sul. Os bolivarianos da Venezuela estão aí para todo mundo ver — 25 anos no poder! É reeleição que não acaba mais. Será que Trump virou um bolivariano? Pelo que li, outros republicanos não estão endossando essa piada. Ou não é piada?

OBS – Enfim, para encerrar, uma curiosidade: O escritor americano Philip Roth especulou sobre a eleição de 1940, a terceira de Roosevelt. Na obra de ficção “Complô contra a América”, o presidente Roosevelt perde para o aviador Charles Lindbergh, herói nacional (e pessoa verdadeira), simpatizante dos nazistas (isso também é verdade), que estavam tomando conta da Europa naquele começo de década. Na vida real, porém, Roosevelt venceu com 55% dos votos, sendo o primeiro americano eleito para o terceiro mandato (e seria para o quarto, em 1944). Charles Lindbergh nunca concorreu a nada.

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