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Francisco Beltrão
quarta-feira, 11 de junho de 2025

Edição 8.223

11/06/2025

Uma verdade que deve ser dita

Badger Vicari – Hoje serão escolhidas as novas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, em Brasília. Para as presidências, sem surpresas, o que foi definido ainda no fim do ano passado, por lulistas e oposição, será referendado pela maioria, com Hugo Motta, da Paraíba, para a Câmara, e Davi Alcolumbre, do Amapá, para o Senado.

Vamos lá. Isso é um retrato deprimente da nossa realidade. Figuras representantes de estados economicamente fracos são alçadas a uma condição de comando na República brasileira completamente desproporcional. Ora, ora, pensemos juntos: se fossem grandes homens, com audácia, inteligência, abnegação, honestidade de propósitos, seus estados não estariam tão mal no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, que mede, basicamente, renda, educação e saúde da população). Não falo só deles especificamente, óbvio. Falo da elite local que eles representam. Uma elite que esmaga o povo e a classe média há décadas.

Não são só a Paraíba e o Amapá. Onde está, no IDH, o Maranhão de Flávio Dino e da família Sarney? Onde está a Alagoas das famílias Calheiros, Lira e Collor? O Pará da família Barbalho? A Bahia do consórcio do PT há 20 anos no poder? Eu respondo: estão também nos últimos lugares, desde sempre, estão sem desenvolvimento humano.

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Não obstante, políticos desses confins dão as cartas na República. Na Câmara, hoje, sai um de Alagoas (Arthur Lira) e entra um da Paraíba (Hugo Motta, que nem os jornalistas de Brasília conhecem direito…). Isto definitivamente não está certo.

Eu já li “Em defesa do preconceito — a necessidade de ter ideias preconcebidas”, do inglês Theodore Dalrymple, por isso não tenho medo de escrever: é um deboche a quem trabalha, é acintoso ao bom senso, é o fim do mundo que próceres de estados quebrados, de estados atrasados, ocupem função de tanto poder no país. Esse arranjo político da Constituição de 1988 degringolou de vez. Precisamos de uma nova perspectiva.

Se pelo menos políticos de estados mais desenvolvidos — a maioria das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste — tivessem mais proeminência, menos mal. Mas que nada…

Vamos juntos ver o caos? Fiz uma pesquisinha rápida. Atenção para os presidentes do Senado dos últimos 30 anos, do Plano Real pra cá: Humberto Lucena (Paraíba), José Sarney (Amapá), Antônio Carlos Magalhães (Bahia), Jader Barbalho (Pará), Edison Lobão (Maranhão), Ramez Tebet (Mato Grosso do Sul), Renan Calheiros (Alagoas), Tião Viana (Acre), Garibaldi Filho (Rio Grande do Norte), Eunício Oliveira (Ceará) Davi Alcolumbre (Amapá) e Rodrigo Pacheco (Minas Gerais).

Dessa seleção, só dois de estados mais pujantes, o atual presidente, o mineiro Pacheco, e o sul-mato-grossense Ramez Tebet (pai da ministra Simone Tebet).

Vamos passear pelos últimos presidentes da Câmara? Inocêncio de Oliveira (Pernambuco), Luis Eduardo Magalhães (Bahia), Michel Temer (São Paulo), Aécio Neves (Minas Gerais), João Paulo Cunha (São Paulo), Efraim Morais (Paraíba), Arlindo Chinaglia (São Paulo), Severino Cavalcanti (Pernambuco), Marco Maia (Rio Grande do Sul), Aldo Rebelo (São Paulo), Henrique Eduardo Alves (Rio Grande do Norte), Eduardo Cunha (Rio de Janeiro), Waldir Maranhão (Maranhão), Rodrigo Maia (Rio de Janeiro) e Arthur Lira (Alagoas).

Não sei se a sociedade terá forças para reagir e criar um movimento que possa dar uma sacudida nessa realidade. Um movimento por reformas de verdade, com uma nova constituinte.

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