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Não achei nada de mais na propaganda do PT da semana passada, o tal “terrorismo” definido por Aécio Neves, entre outros ressentidos. Na minha análise, faz parte do jogo democrático. Se a peça publicitária é boa ou ruim, quem vai definir é o público, acreditando ou não na mensagem. Ora, os petistas apresentaram o que consideram um legado seu, pessoas que melhoraram de vida e tal, e que estão sendo provocadas a analisar isto – e aquela voz cinematográfica dizendo que não se deve perder o que foi conquistado…
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Não achei nada de mais, não achei “terrorismo”. Ou alguém acha que a campanha petista não vai usar dados favoráveis sobre a economia dos últimos dez ou 12 anos a seu favor? Da mesma forma, a oposição vai explorar os casos suspeitos de corrupção, o aparelhamento do país, a ausência de investimentos na infraestrutura e a virtual irresponsabilidade gerencial na Petrobrás. Isto é democracia.
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Isto é democracia, sim. E uma campanha não se faz só com propostas para o futuro. É legítimo também apresentar o trabalho feito. Aliás, aqui um pecado do PSDB, que nas campanhas fica com vergonha de dizer, com todas as letras, que foi o partido que salvou o Brasil – sim, o Plano Real salvou o Brasil, assim como as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Proer (que impediu a falência do sistema financeiro do país nos anos 90). Mesmo que os tucanos não queiram admitir, o PSDB estará na história de forma positiva! E Fernando Henrique Cardoso como o maior estadista de todos os tempos.
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A campanha deste ano será – como resumiu bem André Singer dia desses na Folha de S. Paulo (André é o teórico do lulismo) – a luta entre o voto “retrospectivo” e o voto “prospectivo”. O primeiro é quando o eleitor se orienta mais por aquilo que já passou – como foi o teor da propaganda petista da semana passada -, e o segundo é quando o votante aposta num futuro ainda não tangível.
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Um pouco de análise histórica: O Norte e o Nordeste do Brasil são as regiões mais atrasadas no IDH e isto é desde sempre. São as regiões que demoram mais para mudar, diferentemente do Sul e Sudeste. As pesquisas de agora indicam essa divisão. Dilma tem folgada liderança no Norte e no Nordeste (voto “retrospectivo”), e perde ou empata no Sul e no Sudeste. O regime militar também tinha mais apoio “lá em cima”, mesmo depois do tsunami legislativo de 1974, quando o MDB começou a ganhar da Arena. Mesmo na redemocratização dos anos 80, os nomes de oposição venceram no Rio (Brizola), Minas (Tancredo), São Paulo (Montoro) e Paraná (José Richa). Lá em cima, vitória maciça do governista PDS.
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A questão eleitoral de 2014 fica assim resumida: vai prevalecer o voto “retroativo” ou o voto “prospectivo”?