7.8 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

O “inocente” general ianque Vernon Walters e a Revolução de 64…

Geral

 
O então Capitão Vernon Walters, oficial de ligação do U.S.
Army com a FEB, conversando com o General Mascarenhas
de Morais, na Itália, em l944.

Poucos norte-americanos da alta roda política e militar vivenciaram  tantos e momentos históricos com o Brasil quanto o general Vernon Walters, que começou em 1943 a ligar-se ao Brasil. Aprendeu o português, quando já sabia italiano e espanhol, guiando um grupo de oficiais portugueses em visita aos Estados Unidos. Depois andou pelos Açores e aqui veio com a esposa de Franklin D. Roosevelt em visita a Bases Americanas  em Belém e em Natal .

Em  l944-45  atuou como  oficial de ligação,na condição de  intérprete do Exército Americano junto à Força Expedicionária Brasileira. Incontáveis vezes serviu de intérprete entre o General  Mark Clark e a FEB.

Quando o General Mark Clark lançou seu livro “Calculated  Risk”, em l950,Vernon Walters  ainda não gozava da  amizade dos presidentes  norte-amaricanos, a que serviria de intérprete,daí a  ausência,por certo,de seu nome  nesse livro de memórias de Mark Clark,que leio em inglês com atraso de sessenta anos.  Clark cita  o General Mascarenhas de Morais,  Zenóbio da Costa , a FEB  e  … ‘’ a dozen other nationalities  who fought their way  into the not-so-soft underbelly  of the Axis’’ e  exalta sua participação na Segunda Guerra .

- Publicidade -

Vernon Walters veio viver no Brasil como adido militar entre  l945-48,depois entre l962-67. Chegou a falar  português com sotaque de Copacabana.Gostava de falar a nossa língua, como me contou meu saudoso amigo e mecenas embaixador Sérgio Correa da Costa, que esteve na ONU durante sete anos. Ganhei de Correa da Costa, ao longo dos anos, uns mil livros, como já citei em artigo específico aqui neste jornal, em que minha coluna completa 1O anos. Sua viúva (Michelle) segue me enviando livros usados. Talentoso poliglota, Vernon Walters  falava  com fluência alemão, português, espanhol, francês, inglês, italiano e russo. Foi intérprete e  conselheiro de seis  presidentes norte-americanos: Truman,Eisenhower, Kennedy, Johnson, Ford e Reagan. Seu último posto foi de  embaixador dos EEUU na ONU.

Durante a 2a.Guerra fez-se amigo do  então Major Castello Branco,de quem foi colega de quarto num hotelzinho em   Porretta Terme,na região da Emiglia Romana, província de Bologna, nas semanas que antecederam a tomada de Monte Castelo. Amigo e  conhecido da  oficialidade brasileira que serviu na Feb, aqui foi recebido por 13 generais,  quando chegou como adido militar ,em l962,como leio  em  “Services Discrets”,  a versão francesa de suas memórias. Nega  que   haja se  intrometido nos assuntos internos do Brasil, quando da Revolução de 1964 e exalta o patriotismo  do  general Castelo Branco, seu amigo, que jamais deixaria um estrangeiro meter-se  na política  do Brasil. Jura, pois, de mãos juntas, que nada teve a ver com a Revolução de 64. Custa-me acreditar, mas para que estaria mentindo, no final de longa vida, em seu livro de memórias?

Roberto Campos, em seu livro de memórias “Lanterna na Popa’’, (que ganhei do  amigo  Aristóteles Drummond, grande jornalista, amicíssimo de Campos e que aparece no citado livro em foto ao lado de Mikail Gorbachov e de Roberto Campos na  casa  de Campos, no Rio ), conta que o presidente João Goulart  o consultou, em 63, sobre a possibilidade de expulsar Vernon Walters por intromissão nos assuntos   de estado do Brasil, no que foi  contestado por Campos que lhe disse  que Vernon era muito arguto, sabia fazer ilações das meias palavras que ouvia nos círculos militares, em que tinha muitos amigos. Tinha vastíssima experiência internacional  Os telegramas que mandou para o Departamento de Estado pouco antes do Golpe de 64  no-lo demonstram cabalmente o que disse Campos.

 O Embaixador Lincoln Gordon, em  seu livro “Brazils  Second Chance –En route toward the First World”, também nega que tenha trabalhado internamente durante os movimentos que antecedem a Revolução de 64 ,salvo no  informar  os EEUU quanto à revolução em curso, seu dever  como embaixador . A  Operação Brother Sam era preventiva,de observação pacífica, ao largo, bem longe, da costa  brasileira…

Vernon Walters soube da morte de Castelo Branco, quando estava no Vietnã. Mandou celebrar uma missa por sua alma. Conta Walters que o fato de haver jantado com o general Castello Branco, sozinho, pouco antes de 31 de março de 1964  teria dado margem a  uma mitologia: “ ma participattion dans la Revolution brésilienne. Les militaires brésilients n’avaient absolument pas besoin d’un étranger pour leur donner des conseills dans un operation militaire où les militaires américains n’ont aucune  experience.”

Faço imenso esforço para acreditar no que diz em seu livro, o hoje saudoso amigo do   Brasil… General Vernon Walters, falecido aos 85 anos, que  adorava o nosso país.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques