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Francisco Beltrão
segunda-feira, 30 de junho de 2025

Edição 8.235

28/06/2025

A incógnita fila preferencial

Geral

Fila preferencial é uma das coisas que mais me intrigam nesse mundo. Digo, filas, assentos, vagas, enfim, tudo que é preferencial soa pra mim com um ar de algo completamente urgente. Ou seja, apenas a pessoa com tais limitações ou dificuldades poderá utilizar o local determinado e o motivo é simples: se dá a preferência para quem realmente necessita. Resolvi escrever sobre este tema hoje porque quase nunca observo alguém que se enquadre nos chamados atendimentos preferenciais fazendo uso dos mesmos. Nos supermercados, raramente se vê pessoas com mais de 60 anos e gestantes no caixa específico para eles. Um dia desses, havia um homem sarado, uma mulher de vinte e poucos anos e uma senhora até bem conservada. Na verdade, nenhum deles precisava estar ali, mas, por outro lado, o mercado estava quase vazio e creio que não houve prejudicados. Só que, cá entre nós, mesmo pra quem tem o privilégio garantido por lei fica difícil, às vezes, se incluir na condição. Enquanto gestante, como uma mulher deixa claro que está grávida e não apenas fora de forma, com quilinhos a mais? Durante os nove meses que carreguei a Maria Alice na barriga, fiz uso do atendimento preferencial duas vezes — na primeira estava com pressa e na segunda a mulher do caixa me chamou. No fundo, tinha vergonha de passar na frente daquele monte de gente que já estava na fila há horas antes de mim. Não fazia questão de pedir a licença porque felizmente tive uma gravidez tranquila, sem problemas. Mas imagino que não seja pequeno o número de mulheres que precise desse benefício: gestação ocasiona cansaço, dor nas pernas, enjoo. É sim um estado de graça, mas há momentos que uma gentileza é bem-vinda. E se a mulher for lactante? Estiver amamentando? Agora, sinceramente, prefiro não me expor dessa maneira no meio do estabelecimento. Pra provar que sou lactante, até onde sei, não tenho que apresentar carteirinha — e não vou, lógico, tirar os peitos pra fora. Acho válida essa preferência, mas é um tanto constrangedora. Outra coisa chata é estar na fila com criança de colo. Parece que a lei vale para criança que não consegue se locomover sem a ajuda dos responsáveis. Uma mocinha de três anos já não entra nesse quesito, a não ser que esteja doente ou dormindo. Vale então o bom-senso e a boa-fé das pessoas. A parte mais difícil!

Da próxima vez que você estiver no caixa preferencial, no mínimo não disfarce e faça de conta que não reparou na mulher quase parindo. E sim: no caso dos mercados, use o caixa rápido se tiver realmente apenas 10 itens no carrinho. Se tiver 11, tudo bem, passa — não sejamos tão rigorosos assim. Mas não entra nesse de levar o rancho, que fica feio.

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