Geral
Quando homens e mulheres decidem se casar, fatalmente optam por serem cúmplices um do outro. Isso significa que quando os namorados assumem um relacionamento sério é hora de deixar as intimidades de lado e se tornarem uma pessoa só? Não, óbvio que não. Talvez o grande abismo dos relacionamentos seja justamente confundir cumplicidade com intimidade além da conta. Depois de casados, a maioria opta em viver junto, dividindo a residência, as contas, as alegrias e as frustrações. Mas morar embaixo do mesmo teto não significa que um precise se anular para que o outro tenha vez e voz. Casamento é união, não submissão. É então que entra em cena o bom e velho diálogo. Aquela conversa que muitos casais deixam de lado.
*
Muitas mulheres ainda acham — ou sonham — que os maridos vêm com bola de cristal. Vivem indagando os “coitados”: “Você não sabia que eu estava mal, como não percebeu?”. Tudo bem que após anos de convivência é fácil descobrir o que o parceiro está pensando somente pelo jeito de andar e falar. O homem por sua vez tem também sua carga de culpa na insatisfação feminina, afinal, a maioria não tem sensibilidade para perceber os sinais que a mulher cansa de dar. Mas a verdade é que mediunidade não funciona na vida a dois. Ficar nessa história de adivinhação desgasta o casamento. Por isso, nada melhor que a boa conversa.
*
Casal que mantém a amizade, respeito e a confiança estreita os laços. Tudo fica melhor, principalmente o sexo. Parece brincadeira, coisa de romance de cinema, mas está comprovado que a falta de cumplicidade afasta as pessoas. Homens e mulheres precisam (e devem) dividir tudo: se algo deu errado, não queira poupar seu marido de ouvir as lamentações, ele tem que saber. Se a notícia for boa então conte na hora, sem rodeios. Compartilhar é a palavra. A vida é feita de altos e baixos — é como o clima, que no mesmo dia pode oscilar entre sol escaldante e chuva torrencial. Para segurar a barra de tantas oscilações é preciso contar com o marido e com a esposa: o casal deve ser parceiro.
*
Mas que cumplicidade não se confunda com intimidade. Homem que confia na mulher não tem que mexer na bolsa, nos contatos do celular e muito menos verificar a caixa de mensagens do e-mail — e vice-versa. Dividir o chuveiro de vez em quando é ótimo, mas na prática não deve ser rotina. Não é pra levar ao pé da letra e dividir a mesma escova de dente e fazer xixi de porta aberta. Intimidade demais enjoa. O bom do casamento é saber que você pode contar com seu marido ou mulher a qualquer momento e pra tudo, mas seguro de que ele não irá se transformar em sua sombra 24 horas por dia. Há dias em que todos, até mesmo os mais extrovertidos, preferem o silêncio, a solidão. Casal que tem entrosamento se entende e se respeita. E o melhor: tem segurança. Complicado ser assim? Pode ser, mas a receita é velha e quem acertou no ponto sabe que vale a pena investir nos ingredientes certos.