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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Delegacia da Mulher, urgente

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Quem gosta de ir até uma delegacia? Pode apostar que, numa roda de conversa, entre dez pessoas, nenhuma dirá que se sente totalmente sossegada dentro desse ambiente. No entanto, as delegacias são entidades que existem para garantir segurança à população e temos que ter tranquilidade de ir até elas quando precisarmos. O fato é que a violência existe, está na nossa cara e me parece que há uma sensação estranha pairando pelo pensamento de quem mata o próximo como se fosse simples tirar uma vida. Há quem pense: mato mesmo, o problema é meu, eu que resolvo depois. A violência é geral, mas, infelizmente, como mulher, tenho que defender a classe e afirmar que já passou da hora de nossa região Sudoeste ter uma Delegacia da Mulher. Justamente na semana em que o mundo levanta a bandeira do combate à violência contra a mulher, um bebê de apenas seis dias de vida e sua mãe foram baleados enquanto dormiam. As primeiras informações dão conta de que o atirador é o ex-companheiro da vítima e que estava inconformado com o fim do relacionamento. Como jamais vamos entender os motivos que levam uma pessoa a querer matar a outra apenas por ter decidido se separar, o caminho é punição severa. As mulheres são mais vulneráveis que os homens e mais frágeis fisicamente. Creio que a Lei Maria da Penha tenha ajudado na redução dos casos de agressão, mas é urgente que Francisco Beltrão e região tenham sua delegacia específica. Lá, as mulheres certamente irão se sentir mais à vontade, com segurança para relatar a outras mulheres suas histórias de horror, de submissão, de medo. Se é sabido que muitas apanham dos maridos, são agredidas física e verbalmente na frente dos próprios filhos e ainda assim não denunciam, imagine se tiverem de encarar uma delegacia comum, com homens, que em algumas situações colocam nas costas das vítimas a culpa pelo crime. Sim, porque ainda encontro pessoas por aí que acham que saia curta é motivo para estupro. Quero acreditar que isso seja mais difícil de ocorrer num local com mulheres pra cá e pra lá. Num ambiente de mulheres, há mais acolhimento, entendimento, até porque quem é mãe e esposa se coloca no lugar, sente as dores, sente a humilhação. 
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Não entendo da parte burocrática, mas sei que deva haver muitos custos e dificuldades pelo caminho para se implantar uma delegacia, ainda mais com um modelo diferenciado, que atenda apenas mulheres e suas famílias. Lógico, então, que não é do dia para a noite que será realidade, mas acho que nós devemos lutar para que isso aconteça. Beltrão é uma cidade de porte médio, com estilo de cidade grande. Tem de tudo: progresso, gente trabalhadora, empreendimentos, políticos com destaque no cenário estadual e federal. Já que a violência parece não dar trégua, é urgente que haja uma corrente de todas as entidades em busca de uma Delegacia da Mulher. A cidade tem grupos de mulheres mobilizadas, atuantes, até inclusive já fiz parte. Está na hora de discutirmos esse tema, porque a violência não escolhe hora, nem classe social. E por vergonha, sentimento de culpa ou medo, ainda somos, sim, o sexo frágil. 

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