Desejo secreto
O corpo feminino atrai olhares de homens e mulheres. Dos homens, porque gostam de admirar belas pernas, um quadril largo, bumbum empinado e seios fartos. Das mulheres, porque, da mesma maneira, também gostam de observar, seja com olhares de inveja ou admiração, como anda a concorrência – no melhor sentido da palavra, é claro! Na noite de terça-feira, dia 27, até os que vivem jogando pedra na Rede Globo devem ter parado para ver a bunda da atriz Paolla Oliveira, na minissérie Felizes para sempre?. Estava eu, no sofá da sala, ao lado do marido. Foi inevitável que eu puxasse o assunto primeiro. Logo que ela tirou a roupa e deu aquela andada de costas, larguei a deixa: “Que bunda é essa, muito linda”. Não demorou nem dois segundos para meu marido concordar, com aquele sorriso maroto nos lábios. E, sinceramente, eu não ligo. Sempre que posso, eu e o Marcelo conversamos abertamente sobre isso. Não há problemas em admitir que uma mulher é bonita, nem que seja para seu companheiro. A não ser que ele seja cego. E, sinceramente, até os cegos sabem enxergar as belas paisagens.
Independentemente do contexto da cena, uma traição daquelas – marido pagando para ter prazer com prostituta, enquanto tem um mulherão em casa, a Marília, personagem da lindíssima Maria Fernanda Cândido -, a beleza da Paolla e, lógico, a bunda que saltou aos olhos colocaram em xeque novamente o tema do culto ao corpo feminino. Deu polêmica na internet a foto da jornalista Fernanda Gentil na semana passada, quando o jornalista questionou sua beleza. Num texto pobre e chato, o cara falou de barriga saliente, sem saber que ela está grávida de quase três meses, e disse que na TV as roupas que ela veste enganam bem. Eu acho a Fernanda Gentil linda de qualquer jeito, porque não é apenas o corpo que conta. A jornalista é supercarismática, inteligente e tem um sorriso lindo. Pronto. Nem precisa ter a bunda da Paolla pra despertar a atenção das pessoas.
Pois é, mas quem não quer ficar bela, ser alvo de desejos? Não sou daquelas loucas por academia e nunca – acho que nunca – trocarei uma pizza por uma folha de alface no jantar. Mas me cuido, sim, porque quero estar bem para mim mesma, para meu parceiro e para os outros, é lógico. Aposto que todos nós, em algum momento do dia, pensamos no que podemos melhorar, seja aqueles quilinhos na balança, naquele tríceps que precisa ser tonificado para que possamos dar o “tchauzinho” sem medo, no cabelo que merece um corte especial, etc. Mas, é óbvio, corpo e mente precisam estar em sintonia.
É necessário ir atrás da felicidade: na cama, no trabalho, na roda de amigos, na família. Não dá pra perder tempo. Ontem, inclusive, comentei com meu marido que essa minissérie está mostrando o lado B dos casais, um lado que existe, e muito, mas que a maioria esconde, camufla, porque tem medo de admitir suas vontades, suas fantasias. No fim, tem medo de se expor, de querer realmente ser feliz. Um desejo ali e outro aqui é natural, e cabe a cada indivíduo tentar realizar seus sonhos mais íntimos pensando na sua felicidade, respeitando os limites do outro. Porém, quem é que consegue ser feliz para sempre?
Bem, sou meio careta para relacionamentos, acho que não contrataria a Danny Bond, personagem da Paolla na minissérie, para salvar meu casamento, se fosse o caso. E, verdade seja dita: melhor que a bunda dela entre na discussão de casal apenas pela TV. Ao vivo e em cores seria covardia.
