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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Sou leiteira, e daí?

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Cada pessoa tem direito de decidir como educa seus filhos. Tem direito de ter liberdade de ensinar a eles o que acha mais adequado. Se isso será a melhor coisa na vida da criança ou não, somente o futuro irá dizer. Por isso, não sou o tipo de pessoa que fica falando “faz isso, faz aquilo”. Neste universo da maternidade, há bebês, mães, pais e famílias de todos os estilos, ninguém é igual e nem precisa ser, felizmente. Não concordo então, é lógico, com pessoas que dizem que para ser uma boa mãe você precisa bancar a durona, repreender o tempo todo, castigar excessivamente. Nem acho útil e conveniente ficar falando que seu bebê não chorava de madrugada porque você dava pra ele chazinho de camomila, ou porque ele dormia enroladinho, ou que ele não teve nada de cólicas nos três primeiros meses mesmo você comendo de tudo, e que, pasmem, nem um bule de café tirava o sono da criança. Conheço mulheres que romperam relacionamento com grandes amigas e até parentes bem próximos por causa dessa besteira de querer repassar as crendices de educação a todo custo. Cada um faz a seu modo, a seu jeito. 
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Eu, por exemplo, optei pela amamentação prolongada. Minha filha Maria Alice tem 1 ano e 7 meses e ainda mama no peito. Eu tenho sorte, tenho leite, sou leiteira como dizem. Se não cuido, até empedra. Sei que muitas amigas minhas não tiveram a mesma sorte: o leite secou e tiveram que interromper a amamentação antes da hora. Outras, sei também, não gostam de oferecer o peito ao bebê. Só fizeram a muito custo até os seis meses de vida porque sabiam que seria imprescíndivel para a saúde dos pequenos; se pudessem teriam parado antes, pois preferem a independência que a mamadeira oferece. Tem mulher que gosta, tem mulher que atura (por causa da pressão da sociedade, do marido, da sogra, da mãe) e tem mulher que ama amamentar, mesmo diante de tanta dificuldade. Me enquadro na parcela de mães que amam dar o peito, vejo mais vantagens que desvantagens. Mas inclusive eu, que defendo a bandeira da amamentação até a criança completar 2 anos, sei que há o lado ruim: não posso ainda me dar ao luxo de ficar um dia inteiro longe da Maria, sem falar no cansaço, no estresse, nas dores. Sem falar na dependência. Hoje, ela já pede, já pega no peito, puxa a blusa, faz cara de choro se digo que o “leite acabou”, enfim, sabe negociar pelo que quer e quase sempre me ganha. Acho que uma criança que mama no peito e outra que mama na mamadeira não terá nada de muito diferente se houver o vínculo da mãe, do pai, se não lhe faltar afeto e amor. Será feliz, será normal, com qualidades e defeitos. 
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Respeito minhas amigas e as conhecidas que decidiram parar de amamentar cedo, ou por problemas de saúde, pela volta ao trabalho, ou porque simplesmente quiseram parar e pronto. E acho que deveriam também respeitar a mulher que decide prolongar a amamentação. Não sei porque ainda há gente que naquele cinismo disfarçado e prepotente, quando vê uma criança mamando no colo da mãe, ordena: “Você já está grandinho demais pra isso, não acha? Tem que parar de mamar no peito da mamãe”. Resta-me apenas retribuir com um sorriso amarelo e seguir  a vida. 

 

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