A notícia nos surpreende pela manhã como uma lufada de ar gelado ao abrir a janela. A primeira sensação é de incredulidade, mas depois acabamos constatando que é, sim, verdade.
Ao acordar de manhã, na primeira visualização das redes sociais está lá a notícia do falecimento. A pessoa nem é amiga, apenas um conhecido com o qual você conversou umas poucas vezes. Mas ainda assim a notícia causa um impacto. Era alguém de meia idade, pessoa bem conceituada, você nem imaginava que estava doente. Ou então um jovem que perde a vida num acidente incomum.
Nesses momentos é inevitável a reflexão sobre a brevidade da vida. Ao acompanhar os comentários você tenta entender o que de fato aconteceu. Mesmo sem saber as causas nem as circunstâncias, de alguma forma aquela morte nos atinge porque mostra que o fim pode estar sempre rondando e tantas vezes chega quando menos esperamos.
O empresário de sucesso, com negócios em andamento e outros encaminhados, se despede da vida deixando tanta coisa para ser resolvida. O jovem, com planos e projetos, filhos para criar, também parte sem avisar e de alguma forma as pessoas têm que dar um jeito de tocar a vida sem ele. Esse é um mistério difícil de entender.
Diferente de mortes aguardadas e até certo ponto previsíveis como a de um idoso enfermo, mais frágil a cada dia. Em sua última aparição pública, o papa Francisco mal conseguiu balbuciar uma frase e a voz era fraca, quase inaudível. Não foi surpresa para ninguém o seu adeus.
Nas famílias também é assim, há situações que vão evoluindo para um final que quando chega não causa outro sentimento além da sensação de alívio. “Parou de sofrer” é o que as pessoas comentam. Bem diferente daqueles casos em que a notícia nos surpreende pela manhã como uma lufada de ar gelado ao abrir a janela. A primeira sensação é de incredulidade, mas depois acabamos constatando que é, sim, verdade. E então ficamos a pensar na vida, quão efêmera ela é. Difícil não ficar um pouco temeroso e apreensivo nesses momentos.