Um amigo fez uma proposta que em outros tempos seria irrecusável. Mas escolhi não aceitar. O projeto de vida hoje é seguir um caminho mais leve.
Revi, não faz muito, um filme muito legal chamado Deus é brasileiro. É uma história bem humorada, em que Deus desce à terra para tentar convencer um homem humilde a ser santo, porque a humanidade estava precisando de bons exemplos. Aí o criador escolhe uma pessoa bem comum, muito gente boa, mas o homem não queria de jeito nenhum aceitar a proposta.
No primeiro contato com Deus, ele não acreditou em nada. Duvidava de tudo, afirmava que Deus jamais viria ao mundo para convencer um homem como ele a assumir a santidade. Desafiou-o a fazer alguns milagres, um deles foi mandar vir a chuva. Quando começou a chover torrencialmente, o homem ainda não se convenceu, falou que aquilo era algum truque ou mágica.
O filme é de 2003, mas segue atual, tem roteiro muito agradável. No papel de Deus está Antônio Fagundes e o escolhido para a santidade é o Zé das Mulas, um teimoso incorrigível. Depois de muitas discussões – algumas das quais se transformaram em brigas feias –, Deus desiste de tentar convencer o outro a assumir a santidade; ele quer mesmo continuar a sua vidinha normal, com total liberdade para fazer o que gostava.
Lembrei dessa história porque nos últimos dias recebi uma proposta muito especial, que poderia mudar por completo a minha vida. Um amigo fez uma proposta que, em outros tempos, seria irrecusável. Mas escolhi não aceitar, porque o projeto de vida, hoje, é seguir por um caminho mais leve, longe de complicações.
Caso aceitasse o convite, teria desafios imensos, porém, se obtivesse sucesso, seria a realização de um sonho. Diferentemente do homem escolhido por Deus para virar santo, num primeiro momento achei que o convite era algo tão grandioso, que estava totalmente fora de minha capacidade. Depois, conversando com pessoas próximas, entendi que poderia ser algo viável, mas chegou num momento em que não estou mais a fim de transformar minha vida numa correria.
Optei por ficar aqui no meu cantinho, numa rotina previsível, talvez mais apropriada a alguém que optou por desacelerar em todos os sentidos. Mais ou menos como o homem que não aceitou a proposta de tornar-se santo. O resto é história para contar aos netos, se os tiver um dia.
