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Francisco Beltrão
quinta-feira, 05 de junho de 2025

Edição 8.220

06/06/2025

A Região Missioneira (parte 2)

Geral


” O verso é um terço no altar que campereio/ e onde mateio busco força pro cantar/ que a estância antiga, companheiro é um templo santo/ e quem é campo com certeza há de ficar…


(…) Sou cria Da Estância Véia/ e pro bagual que veiaqueia/ eu trago a força no garrão./ Uma estampa de fronteira/ batizada na mangueira com suor de redomão.”(Lizandro Amaral)



A Região missioneira (parte 2)
Com o tratado de Madri em 1750, que teve por objetivo demarcar as terras de Portugal e Espanha (que na verdade já tinham dono- os índios), acabou-se a simpatia destes com os colonizadores.Os índio Guaranis que eram obedientes más não submissos, declararam uma guerra sangrenta contra os colonizadores, entre 1754 e 1756. Os índios foram massacrados e obrigados a abandonar as reduções.
Em 1761 o Tratado de El Pardo anulou o de Madri e permitiu que o que restou dos índios, retornassem às suas terras. Porém é claro que Os Sete Povos das Missões jamais voltariam a serem os mesmos.
Os Sete Povos eram formados pelas Reduções da pioneira São Borja, 1682; São Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel, ambas de 1687; São Lourenço,1691; São João Batista,1697; e Santo Ângelo, de 1706.
Porém, ao todo eram pelo menos trinta reduções dessas espalhadas pelos quatro países hoje delimitados; Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
O Jesuíta alemão Antonio Sepp, descreve que as reduções eram formadas em média por mil famílias (pai, mãe, filhos e netos). Como os índios eram muito férteis, subentende-se que eram em média 10 a 12 mil pessoas por Redução. Portanto, em 30 reduções tinha-se pelo menos 350 mil índios.
A urbanização destes espaços obedeciam á um padrão em todos os povos, seguindo as normas urbanísticas adotadas pelo governo espanhol nas cidades fundadas na América. A igreja ocupa uma área central e tendo à sua frente uma praça bem ampla. Entre as casas formavam ruas largas dando um aspecto realmente urbano e não de aldeia.
Quanto a arquitetura das igrejas, há um relato sobre o Templo de São Miguel Arcanjo ou Igreja de São Miguel, esta projetada pelo jesuíta arquiteto Giovanni Baptista Primoli (italiano), e foi edificada entre os anos de 1735 até 1744. José Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, visitou-a entre 1800 e 1819, antes da sua dilapidação e abandono. Assim descreveu o visitante:
“Nela se entrava por um alpendre de cinco arcos, sustentados por colunas de pedra branca e vermelha, rematado por vistosa balauastrada, e sobre uma gradaria da mesma pedra(…)que coroava o frontispício, elevava-se a imagem de São Miguel, e dos lados as dos seis apóstolos; a igreja é de três naves, de trezentos e cinqüenta palmos e comprimento, e de cento e vinte de largo, com cinco altares de talha dourada, e excelentes pinturas, e ao entrar na porta principal via-se à direita uma capela com seu altar, a pia batismal(…) A torre também de pedra, com seis sinos”.
O fato inegável é que passado os anos, restam relatos e ruínas de um povo que foi muito bem organizado porém, a ganância das classes dominantes dizimaram os índios colocando-os em frentes de batalha sem nenhum preparo militar para enfrentar um exercito desigual. Prova disso foi o massacre de Caibaté, onde ficaram nos campos os cadáveres de 1200 índios contra quatro entre espanhóis e portugueses e mais vinte feridos. Ou seja, o número de mortos Guaranis foi trezentas vezes maior que o de seus oponentes.
O fato é que o que resta da Região Missioneira serve para lembrar das grandes matanças que houve por ali, podando aquela que foi uma das regiões mais desenvolvidas da América Latina, assim como também acorreu com o massacre na guerra do Paraguai em outros tempos.
O que resta hoje dos descendentes daqueles que já foram os verdadeiros donos daquelas e destas terras em que pisamos, é o direito humilhante de venderem lembrancinhas para poderem comer e sobreviver sem o mínimo

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