Geral
Setenta e nove anos atrás, o Sudoeste do Paraná presenciou importantes acontecimentos militares. No dia 7 de fevereiro de 1925, os revolucionários, chefiados por Luiz Carlos Prestes, vindo do Rio Grande do Sul, ocuparam Barracão. Permaneceram na região quase dois meses, de 7 de janeiro até 28 de março, quando atravessaram o Rio Iguaçu indo se juntar aos revolucionários de São Paulo, formando a Coluna Prestes.
Luiz Carlos Prestes, em carta ao Marechal Isidoro, assim descreve sua chegada a Barracão: ??Atravessando sempre terríveis picadas com grande falta de recursos e perdendo quase toda a cavalhada, atravessamos os rios Turvo, Guarita e Pardo, vindo até a foz do Rio das Antas. Neste ponto atravessamos o Uruguai e depois de mais de 30 léguas de picadas chegamos a Barracão, onde já encontramos elementos da força, que trazida pelo coronel Fidêncio passara por Barracão??.
Na referida carta Prestes refere-se a sua ação na região afirmando: ??Enfim apoiado no valor, dedicação e abnegação de quatro amigos e companheiros, somos aqui chegados. São eles Siqueira Campos, João Alberto Cordeiro de Farias e Portela Fagundes. Estamos com 800 homens dos quais menos de 500 armados e, tendo ao todo cerca de 10 mil tiros. Possuímos 10 fuzis-metralhadoras. As forças inimigas que se encontram em Santo Antônio, Barracão e Campo Erê retiram-se precipitadamente na direção de Clevelândia e Palmas, e os cento e tantos homens que daí vieram, já se encontravam, ontem sete léguas de Campo Erê. Conversei com o coronel Fidêncio e resolvi enviar 250 homens a fim de atacarem Clevelândia e, se possível, Palmas. Ao mesmo tempo, pretendo iniciar quanto antes, com 200 homens, uma colônia Mallet. Infelizmente não poderão ser esses movimentos de grande envergadura devido a quase completa falta de munição com que lutamos. Mesmo assim poderemos pelo menos ameaçar o inimigo por estas duas direções. Se tomarmos Palmas, poderemos resistir durante algum tempo nas alturas de Horizonte, ameaçando constantemente a estrada de ferro. Se assim não for, poderemos procurar posições defensivas na Serra de Fortura. De qualquer maneira é sempre possível a marcha de um destacamento para Colônia Mallet??.
No livro ??A Coluna Prestes ? Marchas e Combates??, de Lourenço Moreira Lima, encontramos o seguinte: ??A Coluna marchou, então, para Clevelândia, ficando o 1º BFV de guarda a dita encruzilhada. Ao chegar a Coluna ao lugar São Francisco a 19 de fevereiro, a umas cinco léguas de Clevelândia, encontrou a força inimiga de Firmino Paim, da qual fazia parte o 1º BC, comandado pelo major Pedro Brasil, tendo combatido fortemente nesse ponto. No dia 20 iniciamos a retirada para a referida encruzilhada, que somente alcançamos em 24 de março, tendo combatido diariamente, colocando emboscadas que prejudicaram extraordinariamente os nossos adversários. Nessa retirada, os combates mais notáveis foram os do Jardim, ou Treme Treme, e o da Conceição, nos quais o inimigo teve numerosas baixas, tendo sido o nosso prejuízo pessoal muito reduzido, durante toda essa retirada. A 22, o coronel Claudino Nubetev, e a 24 travou violentissímo combate com essa pequena força nossa, na barra do Rio Maria Preta. Claudino comandava uma coluna de 2.000 homens enquanto Cordeiro de Farias apenas dispunha de 70 soldados, com os quais enfrentou seu adversário, tendo sido afinal obrigado a abandonar as suas trincheiras por se haverem esgotado as suas munições, retirando em perfeita ordem, perdendo apenas dois homens mortos e ocasionando numerosíssimas baixas ao inimigo. A coluna chegou a Barracão no dia 24, iniciando à noite a sua marcha para Iguaçu, pela picada recentemente aberta”.