Geral
Até o início do século passado, o movimento sindical no Brasil era liderado por anarquistas. No Paraná não foi diferente, quando destacaram-se Elbe Lauro Pospissel, tipógrafo, jornalista e deputado classista; Nerval Araújo Silva, dentista, jornalista e também deputado classista; Oscar de Oliveira, barbeiro e secretário da União Operária do Paraná.
Um exemplo de posição anarquista é o artigo de Elbe Lauro Pospissel, publicado no jornal de Curitiba ?Diário da Tarde?, no dia 1º de maio de 1933: ?1º de maio. Data de luto e de protesto. Dia de agitação e de tristeza. Momentos de reflexão e instantes de rebeldia. O operário sente, neste dia, a vibração de um prazer estranho e experimenta intimamente soltarem-se as amarras que o prendem ao poste da ignomínia. A liberdade e a essência da viola e o operariado canta canções revolucionárias, agita-se, gesticula e expande-se como se tivesse recebido a carta de alforria.
Desde o dia em que Spartacus soltou o grito de revolta contra a escravidão a história do movimento proletário, escrita com o sangue dos seus mártires, abriu o caminho para a campanha do regime de liberdade. Cenas dolorosas tangidas pelos lamentos das vítimas da prepotência plutocrata ecoam até hoje em nossos ouvidos, não pedindo vingança, porque um erro não justifica outro erro, mas implorando justiça e liberdade ampla.
Os mártires de Chicago crismaram com sangue a jornada das 8 horas de trabalho. Antes e após a tragédia de 1887 outros e muitos outros companheiros pagaram com a vida, com o desterro, a consecução do sacrifício desses heróis que morreram abraçados aos princípios anárquicos que adotaram legando ao mundo o exemplo dignificante que ora comemoramos.
A sentença de morte não abateu o ânimo e muito menos as convicções das vítimas da prepotência norte-americana. As suas últimas palavras são repetidas com respeito e causam pavor, remorso aos verdugos de todos os tempos. A fé que os animou, essa mesma fé tê-mo-la conosco, honrando a memória daqueles que sucumbiram pela nossa liberdade.
A luta pelas reivindicações proletárias deve estar acima das conveniências. O sacrifício é o apanágio que santifica os sonhadores. Os idealistas, o que menos prezam é a vida, e esse desapego às coisas materiais os tornam respeitados e venerados.
Que importa morrer se a vida para o escravo representa a morte? É preferível sucumbir pugnando pela liberdade do que viver manietado e explorado pelo próprio homem. O 1º de maio vem sendo comemorado em homenagem aos mártires proletários de todas as épocas. A burguesia, sentindo-se fraca para sufocar o grito de rebeldia, procura transformar o 1º de maio em festa do trabalho com o intuito de apagar no espírito do trabalhador os verdadeiros motivos da consagração desse grande dia. Não importa. Os nossos inimigos procuram festejar a morte daqueles que foram imolados pela nossa causa. Os operários conscientes sabem e conhecem o verdadeiro significado do 1º de maio, e comemoram essa data com respeito e veneração em homenagem aos mártires de aquém e além mar?.