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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

O Sudoeste mostra sua gente

Geral

Dois fatos a respeito do Sudoeste do Paraná requerem nossa atenção e reflexão: 1) O Ipardes e o IBGE divulgaram novo mapa das regiões do Paraná consideradas homogeêneas, acarretando importantes mudanças na nossa região. Os municípios de Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Honório Serpa e Coronel Domingos Soares, que faziam parte da região do Sudoeste, passaram para a região centro sul (Guarapuava) . Esses cinco municípios são, em quase todos os aspectos, diferentes do Sudoeste. Lá predomina a grande propriedade, fazendo parte do Paraná tradicional. Aqui predomina a pequena propriedade e faz parte do Paraná Moderno.
O Sudoeste possui a sua identidade. Sua ocupação começou efetivamente em 1943 com a criação da Cango e, como a região estava ?sub judice?, todos seus primeiros moradores ? tanto da zona rural como urbana ? eram posseiros. Entre 1950 e 1957 o processo de ocupação foi tumultuado pela atuação da Citla que, inclusive, levou à revolta dos posseiros em outubro de 1957. Outra particularidade do Sudoeste foi a criação e atuação do Getsop que, entre 1962 e 1973, transformou mais de 50 mil posseiros em proprietários, num verdadeiro exemplo de reforma agrária. Esses três momentos ? a atuação da Cango, da Citla e do Getsop, são marcos significativos e específicos e que diferenciam o Sudoeste no contexto da História do Paraná.
2) Outro fato é a apresentação nos bairros de Francisco Beltrão da peça ?O Sudoeste mostra sua gente?. Trata-se de uma tentativa de divulgar a história da região e que já teve apresentação inclusive em nível estadual. Através de um trabalho primoroso, alegre e divertido, os atores retratam aspectos da ocupação da região, começando por Palmas com a luta e a vitória dos índios. Representam a chegada dos gaúchos com suas tradições, incluindo o chimarrão, e a formação dos CTGs. Destacam também a chegada dos navios da Itália, com imigrantes para o Sudoeste. Mostram a mistura de raças com a chegada de japoneses, poloneses, espanhóis, etc., e os alemães vindos de Santa Catarina. É revelado de forma alegre a atuação dos caipiras no Sudoeste. A peça termina com a vitória dos posseiros contra os jagunços.
É saudável o esforço do grupo de teatro, com seus jovens e talentosos artistas e teatro, com seus jovens e talentosos artistas e com apoio do Departamento de Cultura da prefeitura, na tentativa de popularizar nossa história. Seria mais positivo ainda se os principais aspectos, aquilo que é característico do Sudoeste, fossem melhor trabalhados na peça.
Convém refletir sobre o que escreveu Nelson Werneck sobre isso em seu livro ?Ofício de Escritor?: ?Como todo processo de conhecimento, o artístico depende da realidade, vive de seus laços com a realidade, alimenta-se da realidade?. E acrescentou: ?Ora, a representação da verdade é o traço que define também e principalmente a dimensão qualitativa do artista. Fora dela não existe arte?.
Existem, felizmente, ótimos trabalhos publicados sobre a história do Sudoeste do Paraná. Eu, inclusive, tenho cinco trabalhos editados sobre o tema: em 1977. ?Francisco Beltrão: 25 anos de lutas, de trabalho e de progresso?, em 1986 ?Análise histórica da posse de terra no Sudoeste Paranaense?; 1995 ?Sudoeste do Paraná – região jovem mas rica de acontecimentos?; em 1997, na revista  Gente do Sul – ?Dos dois lados da revolta há anjinhos e diabinhos? e agora no meu livro ?Paraná: Terra de todas as gentes e de muita história?, trato do tema em dois capítulos: ?Ocupação do Sudoeste? e ?Quatro mil armas governam Francisco Beltrão?.
O teatro desempenha historicamente importante papel na cultura dos povos. Francisco Beltrão, que possui um grupo teatral de alto nível artístico, tem tudo para divulgar e popularizar sua verdadeira histórica.

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