Cultura
Referem os dicionaristas que intelectual ou intelectualista é a pessoa adepta das formas culturais ou sistemas de valores em que os elementos racionais preponderam sobre os afetivos ou volitivos. Alguns verbetes assinalam que o intelectual possui dotes de espírito, de inteligência.
Ao atribuir dotes de espiritualidade às maquinações do intelecto, ocorre erro de interpretação, posto que, as atividades da primeira envolvem tão-somente manifestações oriundas do estado anímico ou propriamente, do espiritual. Por isso, conforme define o conceito, suplanta os sentimentos afetivos e volitivos.
Esses, afetivos e volitivos têm por causa decisões originárias das nossas emoções, anseios e desejos. Quando estes sentimentos sobrepujam o uso da razão, do intelecto, dizemos vulgarmente que a pessoa não pensou, antes de fazer qualquer asneira. É o momento em que as emoções tomam conta do raciocínio, com resultados imprevisíveis.
O intelectual sempre se distancia do intelectivo. Todo intelectual é intelectivo, mas nem todo intelectivo é intelectual. Isso porque no intelectual predomina a inteligência em grau médio e alto. Ele julga e critica sistemas de valores e culturais, porque nele a racionalidade é o suprassumo.
Quanto ao intelectivo, em sua maioria de baixo nível cultural, é mais inclinado ao entendimento e utiliza sua capacidade racional mais para atender às suas necessidades básicas imediatas materiais, do que o intelectual que se serve delas para o conhecimento, que vai um pouco além das matérias.
Por vezes existem intelectuais que se comportam também como intelectivos, ou seja, ao perderem o controle das emoções, estas como a raiva, o ódio, a decepção, o desespero, tomam conta da mente calculista que friamente desdenha as consequências. Embora seja possível, raras vezes encontramos intelectivos que se comportam como intelectuais.
A doutrina dos intelectuais resume-se no Intelectualismo que tem por base a Filosofia e a Ética; nesta, pretende justificar pela razão os fins últimos do homem; naquela, tudo quanto existe é redutível a elementos intelectuais, i.e., a ideias e as relações entre ideias.
Por esse prisma torna-se fácil observar que para os intelectuais, a racionalidade serve-se das palavras para fazer da vida, no tabuleiro de xadrez o jogo das ideais para mil e uma possibilidades.
Essa é uma das razões que justificam a diversificação do comportamento humano nas sociedades, ao longo das décadas: o que outrora chocava, hoje é aceito com certa indiferença. A mente humana comporta situações absurdas e confusas, desde que a elasticidade do pensamento consiga satisfazer seus desejos egocêntricos.
Os verdadeiros intelectuais não se engalfinham nas atividades corriqueiras do dia a dia, como os intelectivos, que diuturnamente criam problemas que em nada resolvem na melhoria de suas vidas. Na verdade, quando nada os perturba, parece que adoram sair de seus confortos, para com espírito emulativo espreitar aventuras.