Se tem medo, vai com medo mesmo
Quantos artistas incríveis eu já vi escondendo seus projetos por medo. Quanto o mundo já deixou de ganhar pela vergonha? Inconscientemente, somos levados a esconder partes importantes de nós por receio de como os outros irão receber. Eu, inclusive, já pensei em apagar esse texto mais vezes do que consigo contar (inclusive, apaguei).
O controle é um dos artefatos mais desejados pela humanidade. Mas as pessoas se apegam tanto a essa vontade de controlar que não percebem que o controle pode ser o que nos paralisa. Gostaríamos de controlar a reação dos outros frente a nós, o sucesso que isso teria, como as coisas vão acontecer – mas, como é utópico alcançar esse controle, deixamos para depois. Uma dica: o controle não existe, sempre existirá coisas além do nosso controle, então foque em você.
Claro que é muito mais fácil se expor quando tem certeza absoluta que vai dar certo, que vão amar e te elogiar grandemente. E, por isso, acabamos podando nossos projetos, nosso eu. Aquela ideia extremamente criativa é transformada em algo mais simples, pois é menos arriscado. Ou até mesmo guardada na gaveta para outro momento, um momento daqueles de coragem súbita. A procrastinação se faz muito presente nesses processos, tentando te convencer que não é o momento de arriscar porque existem coisas mais importantes ou porque você não tem tempo mas, na verdade, está apenas representando o seu medo de falhar. Inventamos obstáculos que nos afastam de nós mesmos para evitar a exposição e vulnerabilidade, porque somos educados a tentar ser perfeitos.
Todo mundo erra, temos que normalizar o erro. A falha. A vergonha. Precisamos falar sobre isso e desconstruir esses discursos de perfeição que só geram insegurança que permeiam nossa sociedade. O ser humano é falho e que bom! Já parou para pensar o quanto você já aprendeu com os seus erros? Você teria evoluído tanto quanto já evoluiu se nunca tivesse errado? O erro é uma parte importante no desenvolvimento (seja de projetos, relacionamento ou humano) sem ele seríamos todos iguais. Permita-se errar, tentar e acertar. Voltar atrás, tentar de novo e parar um pouquinho. Permita que o mundo te conheça.
Esse é um texto de uma pessoa com medo de errar para pessoas inseguras com medo de errar. E pode parecer hipocrisia mas não, é assim mesmo, faz parte do processo, ter coragem de errar. Ir com medo mesmo é a coragem.
Emilly Gomes Michels
Psicóloga CRP 08/33085
Instagram @psi.emillymichels
