Você fez o melhor que podia com aquilo que tinha
Eu comecei um curso, investi tempo e dinheiro nele e acabei não gostando. Essa é a história. O que vem depois dela são vários pensamentos sabotadores me fazendo pensar que cometi um erro começando esse curso. “Eu deveria saber que não ia dar certo”, “agora gastei todo esse dinheiro e tempo com isso, queria voltar atrás e fazer tudo diferente”, “eu deveria ter começado outro curso”.
Enfim, passei uns dias me arrependendo e me culpando por toda essa situação, com um mix de sentimentos de raiva, arrependimento e frustração. Esse é o exemplo mais recente que tenho mas é algo que acontece frequentemente: julgar o “eu” do passado por alguma situação que considero, hoje, vergonhosa ou como um “erro”. Já aconteceu com você também? E na verdade isso é totalmente incoerente. No momento que comecei o curso, por mais que eu estivesse com um pé atrás, me pareceu o certo.
Eu fiz o melhor que eu poderia fazer com o conhecimento que eu tinha naquele momento. Não é justo comparar o que eu faria agora com o que eu fiz, o “erro” em questão, afinal eu não teria como saber se iria dar certo ou errado. E também isso não significa que sou uma profissional ruim ou que sou indecisa; precisei dessa experiência também para chegar onde eu estou hoje. Foi necessário tentar para saber que aquele curso não fazia sentido para mim, e precisei investir esse tempo e dinheiro para saber que na verdade me identifico com outra coisa.
Não é justo me punir por algo que naquele momento pareceu certo, não é mesmo?
Isso é algo muito recorrente, essas intrigas que criamos com as decisões do passado, mas focar nas coisas que você poderia ter feito diferente não é justo. Não é justo analisar suas atitudes passadas a partir de seu presente. Não tem como comparar os conhecimentos que você tinha no passado com os de agora. O você do passado não fez por mal, você sabe disso.
É importante analisar todo o contexto e não apenas um acontecimento, um acontecimento não define sua trajetória. Não relacione o teu valor com um acontecimento, evite se punir e entenda os erros como parte do processo. Ao invés de se martirizar por algo que você não tinha como saber, ou naquele momento foi o melhor que você conseguiu fazer, estimule pensar o que você aprendeu a partir disso. O que isso te trouxe de bom? O que aprendeu com o erro? A primeira resposta você já tem: essa situação te permitiu mudar o olhar para algo que pareceu certo um dia.
E assim é a vida, vamos nos reinventando todos os dias. Nos conhecendo no meio dos erros e acertos do dia a dia.
Emilly Gomes Michels
Psicóloga CRP 08/33085
Instagram @psi.emillymichels