O amor quando inicia exige uma sincronia de bússolas. Nesta convergência, avalia-se o quanto há de identificação naquilo que é cultural. Isso vai desde religião até o gosto musical. Também há a necessidade de observar os objetivos a longo prazo. Queremos estar no mesmo lugar daqui dez anos? Todavia, existe uma especiaria que calibra o encontro dessas bússolas.
Esta especiaria se chama saudade. É justamente na falta que desejamos mais. A saudade é muito saborosa quando nos distanciamos momentaneamente de quem amamos. É ela que permite dúvida. E a dúvida fomenta a reconquista. Agora, para que a saudade possa emergir, bem, ela depende de outro componente crucial para os relacionamentos contemporâneos: a individualidade.
Ter seu próprio espaço e atividades individuais é o que previne a previsibilidade. Evita a percepção de conhecer o outro por inteiro, mesmo que isso seja impossível. Quando as surpresas escassam, a curiosidade também perde espaço. E sem curiosidade o amor precisará travar uma árdua batalha para se manter. É um erro comum renunciar àquilo que gostamos quando entramos num relacionamento amoroso.
Deixa-se de encontrar os amigos ou praticar o esporte favorito. Deixamos planos de lado ou calamos opiniões importantes. E é neste momento que a individualidade começa a morrer. Estarmos em dia com aquilo que somos apaixonados é o grande motor para nos mantermos interessantes diante daqueles que amamos. Abdicar da individualidade é abrir mão também daquilo que gostamos.
Os anos passam e a rotina é severa com o amor. Parece complexo, mas o antídoto é simples: Mantenha a força da sua própria opinião. Não desista do que é importante para você. Conheça mais do seu desejo e o mantenha em movimento. Sempre tenha algumas cartas na manga. Manter o mistério que torna inesgotável cada um de nós é aquilo que instiga quem está ao nosso lado. Sendo assim, nos tornamos faltantes. E é na falta que a saudade consegue emergir. Saber deixar saudade é vital para manter o brilho nos olhos de quem nos ama.
