
O calendário oficial da Fórmula 1, em 2022, começou com um duelo entre Ferrari e Red Bull. No final, a Scuderia conseguiu uma dobradinha, comprovando que será um dos times protagonistas do ano e oportunizando o tradicional banho de espumante (coincidência, um vinho italiano Ferrari Trento DOC Jeroboam) no pódio. Nesse momento me surgiu uma pergunta. De onde veio o ato de associar a champanhe e espumantes em geral, a toda e qualquer tipo de celebração, que vai de casamentos a pódios de Fórmula 1, de formaturas a batismos de navios?
As borbulhas surgiram no vinho acidentalmente, faziam as garrafas explodir e eram vistas como um defeito. Com o tempo caíram nas graças de algumas pessoas e os produtores começaram a investigar como domá-las. A realeza francesa foi fundamental para a boa fama do produto, mas com uma mãozinha dos ingleses conseguiram padronizar o açúcar para formar bolhas.
Na França, no reinado de 72 anos de Luís 14, a bebida produzida na cidade de Champagne teve um salto de qualidade, graças às inovações do monge Pierre Pérignon, com novas técnicas de poda e combinações de uvas. Essa era marcou o início do investimento do País na produção de móveis e espelhos para a nobreza, dando início à dominação mundial do mercado de luxo pelos franceses. Um país que se modernizava, um rei que não conhecia limites de ostentação e uma bebida que evoluía, componentes perfeitos para que o champanhe caísse nas graças do reinado atual e no do seu sucessor, Luís 15.
No século 18, de maneira geral, a bebida rompeu as fronteiras da monarquia. Em 1796, George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos, ofereceu champanhe num jantar oficial da jovem república. No século 19, a Revolução Francesa matou nobres, aqueles que fugiram comemoravam o fato de estar vivos bebendo champanhe, o que reforçou a relação comemorativa. Já a Revolução Industrial trouxe tecnologias para melhorar produção, armazenamento e transporte. Com garrafas mais resistentes e ferrovias, o espumante ficou mais acessível e democrático.
No fim do século 19 e o começo do 20, durante a Belle Époque, as casas de Champagne (Veuve Clicquot e Möet et Chandon) eram consagradas e investiam em publicidade ligando seus produtos aos momentos de alegria e celebração, associavam encontros familiares com champanhe.
O champanhe se consolidou como bebida para ocasiões especiais. Sua aura festiva está na magia de suas bolhas inebriantes. Outro fator de fascínio é o preço. Champanhe é, em geral, mais caro que espumantes, como cava, da Espanha, prosecco, da Itália e os premiados espumantes brasileiros. Para nossa sorte temos uma bebida para brindar com bolhas escalando as taças, então é um bom motivo para celebrar. Tim-tim!