Itens com nomes criam a sensação de co-autoria, são como uma colaboração. Imagine comprar um produto com o seu nome? Tem vestido Carmem, bolsa Cecília, cinto Jackie.

Você conhece uma pessoa sem nome? Com certeza, não. Você sabia que assim também é com as coleções e produtos de moda. O nome é o que dá personalidade e ajuda a contar uma história.
Quando compramos um produto, essa ação é movida pela emoção, e se ele for nomeado transportamos as pessoas para um conceito e ideia. Itens de sucesso sempre são nomeados e reconhecidos, por exemplo, o tênis da Nike chamado Nike Air Jordan, referenciando um dos mais importantes jogadores de basquete dos Estados Unidos, Michael Jordan. A bolsa da Dior, chamada Chouchou, foi intitulada como Lady Dior em homenagem a Lady Diana.
Quando as pessoas compram esses produtos, elas se envolvem com o nome do produto por conhecerem a figura pública ou se identificar, por isso está em alta colocar nomes pessoais em produtos de moda, como uma camisa chamada Sofia. Neste caso, o cliente pode se identificar por ter ou conhecer alguém com o mesmo nome. Isso estabelece uma relação com o consumidor e faz ele se sentir especial.
Dar nomes para roupas é uma estratégia para criar narrativas e fortalecer a identidade da marca. As redes sociais estimulam experiências percebidas como individuais. Itens com nomes criam a sensação de coautoria, são como uma colaboração. Imagine comprar um produto com o seu nome? Tem vestido Carmem, bolsa Cecília, cinto Jackie. Guarda-se o pedaço de uma experiência que parece única, concorda?
Rafaela Furlanetto, cofundadora e diretora criativa da Vicenza, etiqueta de calçados e acessórios, diz que costuma receber mensagens de clientes felizes por comprarem um par de sapatos xará. “Conexões emocionais são essenciais e nomear itens é uma maneira de torná-los mais próximos das pessoas.”
Não se sabe ao certo quem inaugurou a pia batismal da moda, mas apelidar peças é uma influência das artes. “Assim como os artistas assinam quadros, estilistas legitimam os seus produtos com homenagens a pessoas e lugares”, diz João Braga, professor de História da Moda da Faap.
O sonho das etiquetas é que um item seja reconhecido facilmente. Às vezes, o nome é muito mais que um endosso — é uma assinatura (quase) pessoal.