A maternidade será obra do Espírito Santo. O espírito é o dinamismo de Deus. A sombra é a proteção que Maria recebe.
Dia 25 de março, celebramos a solenidade da anunciação de Maria. São Lucas escreveu que, no sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, na época, um lugar sem importância, perto da importante cidade de Séforis, a uma virgem prometida a um chamado José, da família de Davi; a virgem se chamava Maria (cf. Lc 1,26-28). Maria está “prometida”, com o vínculo legal dos esponsais, sem ter celebrado ainda o casamento, começo da coabitação. José era descendente de Davi, de nobreza decadente.
Prossegue o Evangelista. O anjo entrou onde Maria estava e lhe disse: “Alegra-te, favorecida, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Promete o enviado, “força de Deus” que o Senhor estará contigo; “Deus conosco” (Emanuel) como já profetizado por Isaías (cf. Is 7,14-15). Gabriel deixou Maria em estado de perturbação. Ela estava aflita pela saudação e promessa. Vem a segunda promessa do “enviado de Deus”: “Não temas, Maria, pois gozas o favor de Deus” (v. 30). Completou a promessa com o conteúdo principal desse anúncio: “Conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás Jesus (= o senhor salva). Ele será grande” (v. 31).
Maria deseja entender tudo, afinal a promessa é extraordinária. E questiona: “Como acontecerá isso, se eu não convivo com um homem?”. A resposta é teológica. Vem de Deus. “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te fará sombra; por isso o consagrado que nascer levará o título de Filho de Deus” (v. 35). Podemos, sim, afirmar, por força do contexto que Maria se pusera à inteira disposição de Deus, incluída sua capacidade maternal, que sempre é bênção genesíaca. A maternidade será obra do Espírito Santo. O espírito é o dinamismo de Deus. A sombra é a proteção que Maria recebe. Coberta pela ação de Deus, protegida. Dizendo de outro modo: Maria coberta pelo Espírito e cheia da glória de Deus.
O “Filho de Deus” – o Consagrado –, sendo concebido pela ação do Espírito Santo nascerá consagrado, ou seja, “santo por excelência”. E será Filho de Deus de modo especial. Ontem, dia 25 de março, nove meses que antecedem o Natal, podemos dizer, então, que nenhuma maternidade da história pode ser comparada com a de Maria; a ela estavam direcionadas muitas maternidades precedentes. É um fato, repito, extraordinário! Devemos, nesta data, parar diante do Senhor e contemplá-lo, porque pelo Sim de Maria, ao Anjo, nasceu para o céu, para a eternidade. Nasceu nossa vocação e missão cristã: seguir Jesus Cristo, o “Filho de Maria”, o “Filho do carpinteiro”, São José, celebrado dia 19 de março.
“Máximo anjo, máxima notícia”!
O papa São Gregório Magno, no século 6º, escreveu sobre a missão do Arcanjo Gabriel, ao anúncio à Virgem Maria. Vamos ao texto: “À Maria é enviado Gabriel, que significa ‘Força de Deus’. Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar. Portanto, devia ser anunciado pela força de Deus, o Senhor dos exércitos, que vinha poderoso no combate. Foi por isto que, à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o Arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia”.
Marialis Cultus
Conforme a Exortação Apostólica Marialis Cultus (2 de fevereiro de 1974), de São Paulo VI, a solenidade da Anunciação do Senhor, “era e continua a ser festa conjuntamente de Cristo e da Virgem Maria: o Verbo que se torna Mãe de Deus […]. Ademais, em memória de um momento culminante do diálogo de salvação entre Deus e o homem, e em comemoração do livre consentimento da Santíssima Virgem e do seu concurso no plano da Redenção”. E a Igreja, nesta solene liturgia, reza conosco: “Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem”.