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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Placemaking & gentrificação: a diferença entre requalificar e elitizar um espaço público

Ambiente

A ideia de qualificar um espaço público ao melhorar ambientes que unam pessoas não deveria gerar desconfianças ou temores. Porém, experiências específicas de locais que viram o custo de vida aumentar muito após a sua requalificação vêm gerando contradições. Afinal, a nova vilã chamada gentrificação tem alguma relação com placemaking? A resposta, infelizmente, é sim. Ainda que não seja uma relação de causa e consequência, é impossível negar a linha tênue entre os dois conceitos. Por definição, gentrificação, ou “enobrecimento”, se refere a melhoria social, cultural e econômica de um bairro ou, em maior escala, de uma região inteira. Placemaking é o processo de planejar espaços públicos de qualidade que contribuem para o bem-estar da comunidade local. Os conceitos podem ser parecidos, mas os métodos e as consequências de ambos são muito diferentes. O processo que transforma a gentrificação em uma vilã ocorre quando há o deslocamento de residentes, que não conseguem mais pagar pela habitação, pelas conveniências, pelas mensalidades escolares, entre outros serviços oferecidos no bairro devido a crescente riqueza da área. A confusão entre os termos começa quando os investimentos em espaços públicos passam a resultar em potenciais investimentos ainda maiores para a área. Nesse complexo processo é difícil negar a relação entre a melhoria ou o desenvolvimento de um espaço público e o consequente aumento do valor dos terrenos ao redor. No entanto, o processo de placemaking não é uma causa direta de gentrificação. A diferença está nos elementos que fomentam os dois processos. Ainda que o fenômeno da gentrificação esteja se tornando comum nas grandes cidades, o aprimoramento de locais não deve ser visto como ameaça. O que o crítico urbano Matthew Yglesias chama de “gentrificaçãofobia” pode gerar um medo excessivo do progresso e atrasar projetos necessários para comunidades. Avanços poderão aumentar o valor dos terrenos, mas não precisam desalojar os habitantes.

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