Rachel de Queiroz marcou a literatura brasileira. Suas principais obras são “O Quinze”, de 1930, e “Memorial de Maria Moura”, de 1992. Mas, há dois anos, a José Olympio Editora resgatou um romance da autora cearense de leitura igualmente cativante, que estava fora das livrarias desde 2004: “João Miguel”.
Publicado originalmente em 1932, “João Miguel” narra o drama do protagonista-título. Morador de Baturité, interior do Ceará, ele acaba preso após desferir um golpe mortal de faca num homem. Sujeito simples, “Seu João” jamais cometera um crime até então, mas, envolvido pela cachaça, se envolvera em discussão de bar.
A partir de então, o leitor acompanha a angústia do personagem no dia a dia da prisão. Santa, sua então mulher, é quem lhe garante a alimentação e pequenos luxos, entre eles o fumo. Como aguardava julgamento, João não possui os direitos dos outros encarcerados: por exemplo, circular livremente pela cadeia, com as celas destrancadas. Só que, com o passar das semanas e o fim da liberdade de João, Santa passa a se envolver com Salu, o soldado responsável por prendê-lo.
Enquanto se questiona se de fato é criminoso por cometer um ato que, considera, isolado – que representa segundos de sua vida, João se obriga a conter ciúmes e desconfianças em relação à fidelidade da mulher, afinal de contas, é ela quem lhe alivia a solidão durante o cárcere e o único elo com o mundo fora da cadeia.
Referências
- Título: João Miguel;
- Gênero: Romance;
- Autor: Rachel de Queiroz;
- Número de páginas: 159;
- Editora: José Olympio;
- Ano de lançamento: 1932.