Mas há indícios de que essa situação está mudando. Grandes marcas estão começando a repensar sua presença nas redes sociais. Elas estão percebendo o tipo de ambiente que essas redes se tornaram, marcado por discórdia.
Nos últimos anos, a confiança na imprensa enfrentou desafios à medida que a ascensão das redes sociais abalou o cenário da comunicação. Em 2017, o índice de confiança na imprensa, conforme revelado no levantamento da Fundação Getúlio Vargas, indicou que a imprensa escrita detinha 35 pontos de confiança, cinco a mais do que as emissoras de TV e apenas dois a menos do que as redes sociais.
Contudo, a partir de 2019, o mundo passou por uma pandemia que alterou a dinâmica da informação e do jornalismo. A covid-19 trouxe à tona a importância vital dos veículos de comunicação na divulgação de informações precisas e confiáveis para a sociedade. A imprensa profissional assumiu um papel crucial na disseminação de dados reais e análises embasadas, permitindo que o público se mantivesse bem informado em tempos de incerteza. Portanto, creio eu, a imprensa voltou a ser protagonista da informação.
Por outro lado, as redes sociais, que estavam no mesmo patamar de confiança que a imprensa, transformaram-se em um ambiente onde a desinformação prospera. Essas plataformas deram voz a indivíduos que, muitas vezes, nada têm a dizer, criando um espaço de rancor, intolerância e ódio. As redes sociais se tornaram o oposto do jornalismo, com a proliferação de informações falsas, discórdia e polarização.
O jornalismo profissional, por sua vez, enfrentou desafios significativos em todo o mundo, à medida que as receitas financeiras migraram para as big techs. A perda de anunciantes e a concorrência com conteúdo gratuito e muitas vezes não verificado contribuíram para uma crise na indústria jornalística. Mas há indícios de que essa situação está mudando gradualmente.
Grandes marcas estão começando a repensar sua presença nas redes sociais. Elas estão percebendo o tipo de ambiente que essas redes se tornaram, marcado por discórdia. Além disso, surgiram indústrias obscuras que manipulam métricas, dificultando a avaliação do verdadeiro alcance de conteúdos, as chamadas fábricas de cliques. Como resultado, os anunciantes estão retornando ao jornalismo profissional, reconhecendo seu papel fundamental no combate às fake news e na promoção da informação precisa.
Além disso, há uma fadiga das redes sociais. O constante bombardeio de anúncios e a busca incessante por engajamento levaram muitos a reavaliar o valor real dessas plataformas em suas vidas. As redes sociais, uma vez sinônimo de conexão e entretenimento, agora parecem inundadas com conteúdo superficial e promocional, incentivando o consumo desenfreado.