Iniciamos a semana novamente com o céu encoberto de fumaça. Se fosse levar a ferro e fogo, nestes dias seria necessário sair de máscara nas ruas.

Iniciamos a semana novamente com o céu encoberto de fumaça proveniente das queimadas que assolam o país. Os índices elevados de poluição ocultam o céu, deixam o ar carregado de fumaça e fuligem, prejudicial à saúde. Se fosse levar a ferro e fogo, nestes dias enfumaçados seria necessário sair de máscara nas ruas.
Os incêndios ocorrem em um momento de estiagem histórica nas regiões do Pantanal e da Amazônia, servindo talvez como um lembrete do futuro que nos aguarda. Neste ano, já enfrentamos uma enchente histórica no Rio Grande do Sul e, agora, incêndios incontroláveis no Centro e no Norte do Brasil. Ou seja, o planeta está dando sinais de esgotamento. Muita gente insiste em dizer que isso é normal, que são crises sazonais, que o planeta já passou por situações semelhantes no passado. Mas nessas horas eu prefiro dar atenção aos cientistas.
E o cientista Carlos Nobre, um dos climatologistas mais respeitados do mundo, declarou em várias entrevistas que “está apavorado”. Segundo ele, a temperatura média do planeta, que é em torno de 15ºC, aumentou 1,5ºC em 2023, um fato que era esperado apenas para 2028. Portanto, nos antecipamos em cinco anos. Parece pouco, mas as metas assinadas em conferências climáticas anteriores estabeleciam que a temperatura média não poderia ultrapassar 1,5ºC até 2050.
Contudo, nas últimas décadas, essas metas foram sendo afrouxadas ou descumpridas, e o resultado está aí. Ainda não dá para cravar que a temperatura está, permanentemente, 1,5ºC mais alta. Mais medições precisam ser feitas e por mais tempo. Entretanto, a cada dia fica mais difícil reverter essa situação. Para se ter uma ideia, se a temperatura média passar de 4ºC, enfrentaremos a extinção em massa das espécies; a última ocorreu há 63 milhões de anos. Como cidadãos, o que nos cabe é cobrar um maior envolvimento dos governantes nas questões ambientais.
Agora, inclusive, é um bom momento, pois estamos no período eleitoral, quando cada candidato apresenta suas propostas. Além disso, cada um pode ajudar um pouquinho plantando árvores, evitando queimadas para limpar seus terrenos, reduzindo o consumo de carne vermelha e diminuindo o uso de combustíveis fósseis. O etanol, por exemplo, polui menos que a gasolina e o diesel.