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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Primeiro dia no call center

Imagem gerada com uso de IA.

— Bloqueia.
— Ok, qual a linha?
— 46.
— Oxi! Esse foi rápido.
— Sim, caiu em quatro minutos.
— Bloqueia.
— Mais um? Quanto esse nos deu?
— 50 mil.
— Esse vai perder o sono. Hahaha
— Na verdade, se perdeu é porque tinha. Não é mesmo?
— Sim, mas comigo vocês não teriam tanta facilidade. Sou muito esperta.
— Você que pensa. Pra cair, basta ter um celular e
alguma ambição.
— Bloqueia.
— De novo? Sim, toda vez que você ouvir essa palavra é porque alguém já transferiu o dinheiro. Daí basta
bloquear o celular.
— Quantos bloqueios por dia nós fazemos aqui?
— Um a cada 16 segundos.
— Caraca! Haja ambição na vida.
— Qual a história mais usada?
— Temos várias.
— Deixa eu adivinhar. É a do bilhete premiado?
— Na real? Tá meio em desuso. Agora é quase tudo
virtual. E a do bilhete premiado dava muita mão de obra
e era presencial.
— Qual então? Do leilão? Na OLX? Do “sofri um
acidente”? Do falso sequestro?
— Não, todos já tiveram seu auge. Agora o foco é o
golpe do Pix e tá vindo aí o uso de IA. Você liga e, se
prender a atenção da pessoa nos primeiros 30 segundos,
é só esperar pela transferência.
— Mas qual a história?
— São várias, e todo dia tem uma nova. Nem eu consigo acompanhar. A última era a da falsa transferência,
na qual solicitamos o estorno do valor.
— E como vocês estão usando a IA?
— Existem muitas formas, mas em geral ligamos,
informamos que a pessoa ganhou algo e pedimos uma
ligação em vídeo para confirmarmos os dados. Pegamos
a imagem da vítima e com uso de IA fazemos ela falar o que nós quisermos. Como, por exemplo, ligar em
chamada de vídeo para algum avô ou tia e pedir um Pix
que, obviamente, virá para nossas contas. Depois disso
você já sabe.
— Bloqueia

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