Como as pessoas te descrevem?
Provavelmente você já esteve numa situação em que precisou descrever alguém. Normalmente nos apegamos inicialmente aos traços físicos. Falamos sobre estatura, cor dos olhos ou dos cabelos. Não sendo suficiente, apelamos aos traços mais visíveis, como a forma de vestir, onde mora ou o carro que dirige.
Por último, chegamos aos elementos mais subjetivos, como características da personalidade. E é aqui que reitero a pergunta, você já assistiu alguém tentando te descrever? Nós somos um emaranhado de elementos. Aquilo que nos constitui se manifesta desde a forma que decidimos nos vestir ou a maneira que penteamos os cabelos até os filmes que assistimos ou posicionamentos políticos. E tudo isto está dado. Qualquer olhar mais atento observa as escolhas que nos pertencem.
É a partir desta mistura que nos tornamos únicos. Porém, instigo tal pergunta pois nela pode repousar a resposta daquilo que está diretamente associado ao nosso desejo. Passando uma peneira em todas características possíveis, há algo próprio que permanecerá na pequena rede. “A Magali é aquela pessoa que sempre que pode está surfando”, “Se quiser saber algo sobre astrologia é só perguntar para o Evandro” ou “O Sérgio é o maior colecionador de selos que já conheci” são exemplos de elementos únicos que provavelmente falam sobre o desejo daquele indivíduo.
É importante entender o desejo como aquilo que nos move. Ele funciona como uma pressão que nos empurra na direção daquilo que faz sentido para nós. Quando engessado, adoecemos. Naturalmente, possui metas que são indiscutivelmente particulares. Aquilo que move o meu desejo será diferente daquilo que move o seu. Quando alguém nos descreve de forma mais profunda, inevitavelmente tocará aquilo que é força motriz do nosso desejo.
Seja uma característica ou algo que possuímos muito apreço, será um elemento que costuma nos colocar em movimento. E se existe um segredo para atenuar sintoma é estarmos sempre em movimento. Quando ouvir novamente alguém te descrever, ouça com atenção. Talvez naquelas palavras resida algo seu que nem mesmo você tenha se dado conta. É na circulação do desejo que está a resposta do nosso bem-estar.