Por Marcos Staskoviak – Está certo, eu disse que falaria dele na Páscoa, mas não resisti. Ele é muito bom, independente do Natal. Está na categoria de filmes que alcançam um nível especial de importância na cultura popular.
Algo como “Cantando na Chuva”, “E o Vento Levou”. Todo mundo reconhece, mas quem viu? Ou a música de “Tubarão” e “Carruagens de Fogo”. Frases como “Eu vejo gente morta”, “Eu voltarei”, “Que a Força esteja com você”, ou mesmo o “Rosebud” de Cidadão Kane. Outras produções marcam pela mensagem e parece que sempre existiram. É o caso de “A Felicidade Não Se Compra” (Plex, Telecine, Prime Video e Google Play Filmes).
Isso talvez por ter certa inspiração no livro “A Christmas Carol” de Charles Dickens (1843). A história do rico avarento que é assombrado pelos fantasmas do Natal (passado, presente e futuro). Só que aqui o foco é diferente.
A história acompanha a vida de George Bailey (James Stewart), construindo um personagem cheio de vida, carisma, talento e sonhos. Contudo, a Vida se mostra uma extraordinária profissional na área de desmanchar seus planos juvenis aventurescos.
George, que tinha boas chances de realizar seus “grandes feitos” se pega desistindo deles, um a um, por vários motivos. E ver seu irmão e amigos alcançando objetivos o faz pensar que o cavalo já passou encilhado e ele não montou.
Os próximos parágrafos contêm spoilers, mas não tem como explicar o quão especial a história é sem desbravá-los.
Lidando com os problemas inglórios da cooperativa popular criada pelo pai — perseguida de todas as formas pelo rico dono da cidade — ele desanima e, diante de uma situação aparentemente sem saída, pensa em suicídio. É aí que entra em cena seu anjo da guarda.
Clarence (o anjo), na tentativa de convencer que o mundo é melhor com George, mostra como seria esse mundo sem George. Então, nosso herói vislumbra a importância de sua existência — uma pessoa boa e honrada — para toda a comunidade. Ele tem a oportunidade de dar o devido valor às coisas realmente importantes.
O final pode não ser surpreendente, mas é dos mais comoventes. Estou ficando mole, mas é um clássico extraordinário que precisa ser visto hoje, mais do que nunca.