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Francisco Beltrão
quinta-feira, 19 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

Dr. Fantástico

Dr. Fantástico

Gosto muito dos filmes de Stanley Kubrick. Sempre tive um apreço especial por “2001: uma odisséia no espaço”, talvez seu trabalho mais celebre. Meu favorito era “Nascido para matar”. Era, até conhecer “Dr. Fantástico ou como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba”.
Baseado no livro “Alerta Vermelho” do ex-tenente da Força Aérea Britânica, Peter George, faz uma veemente crítica à Guerra Fria entre EUA e URSS. Com um roteiro extremamente inteligente, usa um humor ácido muito bem focado na paranóia belicista e no lado humano e louco daqueles que podem deflagrar ou evitar uma guerra atômica. Chega a ser assombrosa a possibilidade de estarmos à mercê de humores e manias de alguns.
Tudo na produção é perfeito. O fato de ainda ser em preto e branco (o último monocromático de Kubrick) só ajuda, já que sua fotografia valoriza muito a história e o jogo entre claro e escuro, bem e mal, e seus meio tons. O enquadramento da câmera e a construção dos cenários dão a exata noção de grandeza e importância dos fatos, ao mesmo tempo em que os closes enfatizam que tudo pode se resumir a uma mente pequena e egoísta.
As atuações de Peter Sellers e George C. Scott são primorosas e inesquecíveis. O primeiro deveria fazer quatro personagens, mas escapou de interpretar o major T.J. “King” Kong e fez “apenas” o capitão Lionel Mandrake, o presidente Merkin Muffley e o Dr. Fantástico, com seu braço nazista com vontade própria. Ele recebeu US$ 1 milhão pelo serviço. Cada personagem é uma paródia de um elemento político ou militar que compunha o explosivo cenário mundial no início dos anos 60.
Na trama, um general louco envia por conta própria mais de 30 bombardeiros B52 atacarem a Rússia com bombas nucleares. Correndo contra o tempo, as cabeças dos EUA tentam evitar a retaliação russa enquanto que a tripulação dos aviões está incomunicável. O filme brinca ainda com a desconfiança dos personagens com as informações apresentadas.
Criador da mais emblemática música para filmes de guerra bem humorados, “Dr. Fantástico” tem ainda uma das mais famosas cenas do cinema, com o cowboy galopando uma ogiva nuclear enquanto ela ruma para o alvo. Filme obrigatório.

Dr. Fantástico ou como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba
(Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb)
EUA/Reino Unido – 1964
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Peter George, Stanley Kubrick, Terry Southern
Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Slim Pickens, Sterling Hayden, James Earl Jones, Keenan Wynn, Peter Bull
Produção: Stanley Kubrick
Fotografia: Gilbert Taylor
Trilha Sonora: Laurie Johnson
Montagem: Anthony Harvey
Duração: 93 min.
Orçamento: US$ 1,8 milhões
Classificação: 10 anos

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