24.4 C
Francisco Beltrão
quarta-feira, 18 de junho de 2025

Edição 8.228

18/06/2025

Relembrar pra nunca acontecer de novo

Divulgação

Por Murilo Fabris – Tive a oportunidade de assistir Ainda Estou Aqui duas vezes. Como era de se esperar, me emocionei em ambas ocasiões. Não só pela atuação da formosa Fernanda Torres — vou poupá-los das dezenas de adjetivos que eu poderia dar a ela —, mas tudo no filme do Walter Salles é um alinhamento milenar. A ambientação perfeita dos anos 70 me transportou para um passado que não vivi, tanto pela alegria da família Paiva, quanto pelos horrores da ditadura.

Ainda Estou Aqui não é uma produção sobre revoluções ou militância, apesar de ter um cunho político (seria impossível não ter). O filme não toma partidos pra si. O longa metragem é sobre o impacto que o sumiço, a falta de respostas e, posteriormente, a morte de um ente querido que vai assombrar a família Paiva — e milhares de brasileiros — ao longo de uma vida inteira.

Vi o comentário de um telespectador frustrado, um rapaz que foi assistir ao filme e ficou na espera de algo ou alguém aparecer. Creio que ele não entendeu que essa é a mesma desilusão que passou Eunice Paiva quando seu marido foi levado pelos militares para ser interrogado e nunca mais voltou. É aí que o papel de Fernanda Torres brilha tanto. Ela não pode simplesmente desabar de chorar, pois tem cinco filhos para criar e alguns deles ainda não têm dimensão de tudo o que está acontecendo. Seu luto não é convencional e, ao longo dos anos, se torna resistência e resiliência.

- Publicidade -

Se teremos a alegria de ver Ainda Estou Aqui sendo indicado ao Oscar, eu não sei, mas só de contemplar a sala de cinema cheia, num filme nacional, já é uma vitória imensa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques