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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Corrida contra o destino

Geral

Por Maicon Portes

O final dos anos 1960 e início dos 1970 trouxe para o cinema um espírito de contracultura nunca antes visto. Apesar da não exclusividade, os roadmovies foram marcantes nas críticas contra o governo norte-americano — filmes como Easy Rider – Sem destino, Corrida sem fim e Corrida contra o destino transbordavam rancor e críticas ao capitalismo. Foi a fase em que John Wayne, clássico cowboy de faroestes americanos, rejeitou este tipo de cinema e fez questão de dizer, em entrevista à revista Playboy, que estes filmes estavam arruinando tudo que ele e outros artistas tinham construído para Hollywood.

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A trama é um tanto sem sentido, mas é justamente contra este ‘sentido’ — que tenta colocar tudo dentro de padrões e gavetas — que ela luta. Um homem precisa levar um carro, um Super Dodge Challenger branco, sensacional, que chega a 260km/h, do Colorado até São Francisco, em tempo recorde, fruto de uma aposta valendo um lote de anfetaminas. A aposta é inegável impulso para a estrada, mas não é por isso que ele corre, sem aposta ele também correria. Ele corre porque não suporta as amarras sociais lhes dizendo o que se deve fazer agora e o que se deve fazer amanhã. Corre porque sente que ficar estático não faz parte da sua natureza, permanecer dentro de leis tampouco. Corre porque correr é a sua vontade, e o homem verdadeiro é feito de vontades.

Claro que as autoridades não podem permitir. Em certo momento do filme, em perseguição, os policiais se perguntam: “por que ele corre?”, “não sei, deve ter matado alguém e está fugindo para Cuba, ou deve ter roubado o carro, sei lá, ou ambos”. A proposta é clara, mostrar que a necessidade de enquadrar os outsiders, por assim dizer, aqueles que o sistema não consegue absorver, é tamanha que supor algo de errado é suficiente para julgar.

Deixando de lado dualismos óbvios da época, como capitalismo x comunismo, Corrida contra o destino e outras obras marcam uma fase pessimista; de desilusão. O final destes filmes deixa a mensagem de que está perdida a esperança, e assim como nosso personagem, a única saída é correr. Correr sem parar e sem motivos, aproveitar ao máximo os últimos ventos livres do espírito humano. Bom filme.

 

Corrida contra o destino
(Vanishing Point)
EUA – 1971

Diretor: Richard C. Sarafian
Produção: Norman Spencer, Michael Pearson
Roteiro: Guillermo Cain, Barry Hall
Elenco: Barry Newman, Cleavon Little, Dean Jagger
Fotografia: John A. Alonzo
Trilha Sonora: Kim Carnes, Delaney, Bonnie & Friends, Pete Carpenter, Mike Post, Jimmy Bowen
Duração: 106 minutos
Orçamento: US$1,585,000 milhão
Classificação: 14 anos

 

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