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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Festa de família

Geral

Por Maicon Portes Gomes

O cinema de Thomas Vinterberg existe para um propósito muito definido: revelar as contradições de um dos países mais “felizes” do mundo, segundo estatísticas e estudos de organizações internacionais de não sei onde. Seu cinema existe — já comentei isto por aqui em textos de outrora— para demonstrar em vídeo a podridão no reino da Dinamarca, seu reino, tão conhecido pela qualidade de vida, bons índices de educação e baixa mortalidade.

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Em seus enredos, as famílias nunca tomam a forma clássica, não há normalidade, não há padrões vigentes, não são as famílias mais do que pessoas acidentalmente agrupadas em uma árvore genealógica qualquer. Todos os membros são problemáticos, como em Festa de família, que inicialmente conta a história de pessoas reunidas para celebrar os 60 anos de Helge, patriarca da família em questão, em um hotel de luxo, juntando desde os distantes tios-avós até os esquisitíssimos filhos do casal. Um filho mais velho, e personagem principal, Christian, que saiu de casa complexado com problemas de infância; um segundo, Michael, que já passou algum tempo preso e hoje é renegado pelos outros, sendo até mesmo “esquecido” da lista de convidados; e uma irmã, Helene, com depressão e que visivelmente não consegue sustentar o peso de ser a filha mais próxima aos pais. Sem falar na irmã gêmea do filho mais velho, que se suicidou há pouco tempo. Com tudo pronto para a festa mais animada do ano, Christian ainda resolve dar uma declaração polêmica em frente a todos sobre seu relacionamento com o pai na infância, colocando em cheque a comemoração.

Sou fã declarado de Vinterberg e de sua filmografia de contestação. Parafraseando Franz Kafka, se um filme não existir para quebrar a sua cabeça, para que ele serve? Também é função da arte contestar, nunca se contentar ou assimilar. E se na Dinamarca existem problemas, imagine em outros lugares do mundo. Bom filme.

 

Festa de Família
Festen
Dinamarca – 1998

Direção: Thomas Vinterberg
Produção: Birgitte Hald, Morten Kaufmann
Roteiro: Thomas Vinterberg, Mogens Rukov
Elenco: Ulrich Thomsen, Henning Moritzen, Thomas Bo Larsen, Paprika Steen, Birthe Neumann, Trine Dyrholm
Fotografia: Anthony Dod Mantle
Trilha Sonora: Lars Bo Jensen
Duração: 105 minutos
Orçamento: US$ 1,3 milhão

 

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