Geral
Por Maicon Portes
“Este é o trabalho em que estamos empenhados, para pensar nos ferimentos da nação, para cuidar daquele que tiver combatido na batalha, e de sua viúva, e do seu órfão, para fazer tudo o que possa conseguir, valorizar e acarinhar uma paz justa e duradoura entre nós mesmos, e com todas as nações.”
Lincoln chega aos cinemas após a recente frustração americana com seu último presidente. Barack Obama prometeu muitas coisas ao seu povo. Quase como um messias, as coisas iriam enfim tomar um rumo, mas pouco mudou. Para seu azar, ainda enfrentou uma gigante crise econômica. As palavras entre aspas no início deste texto são as últimas proferidas em um discurso pelo décimo sexto presidente americano, Abraham Lincoln, no filme de Steven Spielberg. Numa espécie de “Yes, We Can” retirar tropas do Oriente, “Yes, We Can” atravesar a crise interminável, “Yes, We Can” deixar de ser paranóicos. “Yes, We Can”. O diretor democrata expressa o descontentamento — até mesmo entre as cadeiras do seu partido — com o atual chefe da Casa Branca.
Não há a pretensão de mostrar toda a vida de Abraham, apenas o episódio da votação da 13ª Emenda na Constituição norte-americana, que proibiu a escravidão em todo território nacional, promulgada em 1865, em fins da Guerra de Secessão. O roteiro foca a todo momento nas habilidades do presidente como estadista, a diferença de como tratava família, o povo e os outros políticos, cada um dentro de sua devida esfera. Sua liderança na guerra, conversando em determinados momentos com os próprios soldados. E a liderança que tinha dentro de seu partido, lembrando que Lincoln era republicano. Quase mostrando a Obama: olha, é assim que você se comporta como líder, é assim que se administra um país. É assim.
Indicado para 12 categorias, Lincoln deve ser o grande ganhador deste ano. Daniel Day-Lewis, por exemplo, dificilmente vai sair do Kodak Theatre sem a sua terceira estatueta, levando em consideração que sua atuação já ganhou tudo em que competiu este ano. Não é para menos, aliado ao bem feito filme, seu papel está mais uma vez impecável. Assim como a fotografia e a música, épica sem ser como de costume chata e isossa; tal qual a presidência de Obama. “Yes, we can”.
Lincoln
(Lincoln)
EUA – 2012
Diretor: Steven Spielberg
Produção: Steven Spielberg, Kathleen Kennedy
Roteiro: Tony Kushner
Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, James Spader, Hal Holbrook, Tommy Lee Jones
Fotografia: Janusz Kaminski
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 150 minutos
Orçamento: US$ 65 milhões
Classificação: 12 anos
