O que aconteceu com a Covid-19?
O que aconteceu com a Covid-19? Por que, em muitos países onde a doença se encontrava em declínio, de repente ressurgiu com força devastadora, como aqui no Brasil e na nossa região? Será que essa “nova onda” ainda é a Covid-19 ou já temos o modelo 2021?
Há duas possíveis explicações para essa mudança, segundo pesquisadores: novas variantes do vírus surgiram e a população relaxou nos cuidados pessoais.
Os pesquisadores têm isolado novas variantes do coronavírus em várias partes do mundo, sempre com potencial mais virulento, mais agressivo e mais letal que o original. Agora, o vírus parece não escolher hospedeiros debilitados, como doentes crônicos e idosos, mas também tem avidez por indivíduos jovens e saudáveis. Estas novas qualidades do vírus põem em cheque medicamentos pesquisados e até o poder da eficácia das vacinas.
Por outro lado, o relaxamento das medidas de saúde pública pode ser explicado primeiro pela ilusão em acreditar que o menor número de casos em determinado período e região decorra de um melhor entendimento da doença — com tratamentos mais efetivos de combate ao vírus — e segundo pelo crescente número de vacinados. Um fator importante em relação ao comportamento populacional fica por conta da chamada fadiga das máscaras. Como exemplo, nos Estados Unidos, algumas regiões que não exigiam o uso das máscaras tiveram números maiores de casos da doença em relação a regiões que as exigiam.
Sabemos então que o vírus age de forma imprevisível, ficando mais letal e mais transmissível a cada variante. Quanto a isso, nós, pessoas comuns, nada temos a fazer. De outra forma, temos que fazer nossa única tarefa e, de longe, a mais efetiva: seguir as recomendações de comportamento social.
É verdade que não aguentamos mais ficar reclusos, pois o ser humano é essencialmente social. No entanto, diante do colapso humanitário, nunca é demais repetir que precisamos e devemos continuar com todos os cuidados: uso de máscaras e higienização, distanciamento, evitar aglomerações e reuniões familiares, festas, casamentos etc. De nada adianta cobrar as autoridades de dia e violar as regras à noite.
Estas recomendações são comprovadamente eficazes e não há qualquer dúvida sobre esse tema. É consenso entre pesquisadores e especialistas. Além do mais, elas não podem sofrer mudanças aleatórias, como acontece com o vírus, pois dependem somente do comportamento de cada um de nós.
É a única medida que nos cabe. Portanto, mãos (devidamente higienizadas) à obra!
Dr. Badwan Jaber CRMPR 17486
Cirurgião e Endoscopista
Ex-diretor-geral do Hospital Regional do Sudoeste.