Na morte de seus filhos a Igreja celebra o Mistério Pascal.No Batismo fomos associados, incorporados ao mistério da vida e da morte de Cristo Jesus, nosso Redentor.
Na próxima terça-feira, 2 de novembro, comemoramos todos os fiéis defuntos. Trata-se da celebração da esperança na eternidade, promessa de Jesus Cristo e cuja advertência escreveu São Paulo aos Tessalonicenses e aos Corintos: “Como Jesus morreu e ressuscitou, Deus ressuscitará os que nele morreram. E, como todos morrem em Adão, todos em Cristo terão a vida” (1Ts 4,14;1Cor 15,22). Na morte de seus filhos, a Igreja celebra o Mistério Pascal do Filho de Deus, centro da nossa fé. No Batismo fomos associados, incorporados ao mistério da vida e da morte de Cristo Jesus, nosso Redentor. “Vamos morrer! Não há nenhuma verdade tão certa como esta. Não sabemos como, quando e em que situação isso ocorrerá. Mas a morte é certa”. Com estas palavras dom Murilo Krieger, arcebispo emérito de Salvador (BA), introduzia-nos, numa de suas catequeses, durante o retiro ao clero da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, na semana passada, a fim de pudéssemos renovar nossa fé na vida eterna, conteúdo do Credo.
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Jesus nos advertiu
“Vigiai, portanto, pois não sabeis o dia, nem a hora” (Mt 25,13). Dom Murilo comentou que mesmo que alguém negue a realidade da morte, que ela deixa de atingir-nos. A advertência de Jesus é exatamente para nos dizer que a vigilância, a atenção à vida, às pessoas e à nossa própria realidade corporal é efêmera. Embora nossa sociedade procure afastar a ideia da morte do dia e da hora das pessoas. E referindo-se à passagem bíblica “Tu és pó!” pedia-nos que olhemos a vida a partir do ponto de vista da morte e, em consequência da “realidade morte”, que busquemos enquanto aqui estamos, traçarmos caminhos que sejam favoráveis ao “viver bem”. Lembrava-nos o pregador que o que dá medo diante da morte é o pecado; é o morrer em pecado mortal. Dom Krieger levou-nos outra vez ao que Jesus falou às claras a esse respeito: “A vós, meus amigos, eu digo que não temais os que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Eu vos indicarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar ao fogo. Sim, eu vos repito, temei a este” (Lc 12,4-5). A instrução dirige-se “aos amigos”, provavelmente aos discípulos seus, de outrora, e hoje, nós, seus discípulos, inúmeras vezes ameaçados. Exorta-nos à coragem de confessar publicamente Jesus como nosso único Redentor. As palavras de Jesus são proféticas. “Não temer”. Já no Antigo Testamento, na vocação e missão dos profetas Jeremias (cf. 1,17-18), Isaías (cf. 8,12-13) e Ezequiel (cf. Ez 2,6), encontramos expressões de encorajamento e responsabilidade com a vida e sua preservação de males e perseguições iminentes – “Não tenhais medo deles…”.
Catecismo da Igreja Católica
Na primeira parte do Catecismo da Igreja Católica encontramos uma longuíssima e profunda catequese sobre a “Profissão de Fé”, comumente chamada de “Creio”, ou as “principais verdades de nossa fé”. Trata-se de um rico e monumental argumento para ajudar-nos na pergunta: Por que eu creio? No que eu creio? Em quem eu creio? Que eternidade? São as perguntas teológicas. Mas existem perguntas filosóficas e dignas de respostas de igual modo: quem eu sou? De onde vim e para onde vou? Revisitando nosso Catecismo, havemos de encontrar as respostas às indagações tão oportunas e necessárias à nossa vida presente e futura. Professamos durante os principais ritos litúrgicos, na recitação do “Credo”: “Creio na vida eterna” (cf. CIC 1020-1050) e nestes 30 números temos os seguintes conteúdos que nos vêm em auxílio dos cristãos, que unem sua própria morte à de Jesus, veem a morte como um caminhar ao seu encontro e uma entrada na vida “Vida Eterna”. Ei-los: O Juízo Particular, o Céu, a purificação final ou Purgatório, o Inferno, o Juízo Final e a esperança dos céus novos e da terra nova. Irmãos e irmãs professemos: “Creio/Cremos na vida eterna”. Este é o anúncio que somos chamados a fazer todos os dias da nossa existência, sobretudo, neste dia 2 de novembro.