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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Conversa de barbearia

Cortar o cabelo sempre foi uma arte. Desde pequeninos, os nossos pais têm que contar com a boa atuação do barbeiro para convencer a criança a ficar parada, o que muitas vezes é difícil, já que em geral são elétricas. Ir no barbeiro é uma das mais antigas formas de atualização das notícias regionais, e, mais do que isto, é um local terapêutico, em que as pessoas conseguem colocar para fora seus dilemas, problemas e aspirações.

Acho que um barbeiro deve fazer curso de escuta especializada, além de uma pós-graduação em conselhos assertivos. Na verdade, eles fazem esse curso, na prática, a cada corte, conhecem profundamente o ser humano, suas mazelas e também suas belezas. Certa vez, ao morar numa cidade nova, da qual conhecia poucas pessoas e precisava alugar uma moradia, não tive dúvida: aproveitei que tinha que cortar o cabelo e perguntei sobre alugueis e bairros da cidade. Saí dali com contatos para ligar e um mapeamento da cidade, com bairros mais calmos, mais perigosos e com bons custos e benefícios em termos de parques, barzinhos e facilidade de deslocamento. Trocar de barbeiro sempre é uma experiência traumática.

Normalmente o corte sai diferente e, mesmo que fique mais bonito, demora para costumar. Também a afinidade das conversas muda, às vezes não flui. Tive a oportunidade de fazer grandes amizades com os barbeiros, em especial em Francisco Beltrão. Nos últimos anos, devido aos estudos, não consegui manter uma frequência em apenas um lugar. Recentemente tenho tido conversas aprofundadas com o barbeiro sobre o tema religião.

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Somos de religiões diferentes, mas com princípios semelhantes. Estou tendo a experiência de conversar com alguém que pensa diferente, com respeito e educação; quando há pontos de divergências, o assunto se encaminha para pontos de convergência. Esse tipo de conversa profícua, eu tinha muito com professor Leomar, hoje residindo no Norte do País, não era conversa sobre religião, mas sobre política e economia, e apesar de pensamentos e posicionamentos distintos, haviam pontos de convergência, e eu aprendi bastante.

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